Uma onda de frio em São Paulo, combinada com as rajadas de vento, torna mais baixa a sensação térmica, uma antecipação de inverno, nesse outono mais frio do que o normal. Essas condições climáticas pioram a vida para aqueles e aquelas que vivem em situação de rua, em número vertiginosamente maior, ano a ano, numa cidade e país mergulhados na crise, agravada pela inflação e desemprego.
A vida não anda fácil na mais rica e populosa cidade do Brasil.
Caminhas pelas ruas de São Paulo, em particular pelo centro, tem sido um desafio, as pessoas amontoadas nas praças, nas calçadas, a sensação de que a miséria tomou conta definitivamente da cidade, reflete o abandono, o descaso político e os anos e anos de prefeitos “tampões”, os últimos prefeitos eleitos, em 20 anos, que terminaram seus mandatos foram Kassab e Haddad.
A falta de continuidade de políticas públicas é um dos maiores problemas da administração de uma megalópole, caótica, como se fosse várias cidades, dentro da mesma cidade, realidades absolutamente distintas, várias periferias e em cada uma, questões bem próprias.
Os mandatos tampões, desde Serra, que abandonou, depois Dória, ambos usaram a prefeitura como trampolim para aventuras maiores, deixaram seus vices, sem nenhuma preparação, agora, por morte, Bruno Covas deixou o obscuro Ricardo Nunes, como prefeito, mais uma mudanças de gestão, o que piora a administração, as constantes trocas, os arranjos políticos, os acordos com o “centrão” da câmara municipal.
Sem projetos de longo prazo, vários desses prefeitos de ocasião vão criando soluções na base da tentativa e erro, sem que a sociedade se organize para uma cobrança mais efetiva do “prefeito” e dos seus representantes na câmara municipal, hoje gerida pelos vereadores conservadores, que lotearam cargos na prefeitura e tutelam a péssima gestão municipal.
A cidade vive a retomada da “pós-pandemia”, ou melhor, a pandemia que permanece, mas que hoje é negada por quase todos. O funcionamento da administração pública ainda é precário, o atendimento das emergências sociais, especialmente, é o que mais preocupa nessas “friacas”, pois leva ao óbito e as condições de riscos se agravam.
As ações sociais se tornam ainda mais importantes numa cidade com graves problemas administrativos, as igrejas (de todos os credos), os grupos humanitários (entidades filantrópicas em geral) são fundamentais para salvar vidas e dar um pouco de dignidade, não apenas às pessoas em situação de rua, mas também as que vivem em condições moradias precárias, ocupações e abrigos.
A solidariedade é o que nos resta.