A principal questão em disputa nessas eleições é a retomada da Democracia, colateral, a Política.
Justamente as questões que mais foram atacadas nesses últimos 10 anos, do estouro de manada, do Ultraliberalismo, dos ataques feitos contra a Democracia e a Política, tanto à esquerda, quanto à direita. Aliás, o ultraliberalismo econômico tem como premissa central o ataque ao Estado, os seus pilares fundantes, no estado burguês, a Democracia e a Política.
Essa junção (involuntária?) entre uma esquerda superestrutural, que se dizia “de verdade”, na formulação de Boaventura de Sousa, “Esquerda da esquerda”, com a Nova Direita (extrema-direita) se deu na supervalorização da tal “Liberdade”, uma mentira bem contada nessa narrativa que tomou conta do planeta nessa última década, a década da destruição de Direitos Fundamentais.
O massivo ataque do ultraliberalismo ao que sobrou do Estado de bem-estar social, já dilapidado pelo neoliberalismo, quase levou à bancarrota as instituições públicas, as entidades sociais, os partidos, os sindicatos, os direitos sociais, trabalhistas e os direitos humanos. Uma ideologia de destruição, para desorganizar qualquer defesa de uma sociedade democrática (com todos os seus vícios) e plural.
Essa época foi inaugurada por Obama-Biden, eleitos nos escombros da mais grave Crise do Capitalismo, desde 1929, a grande crise de superprodução de capital de 2005-2008.
Para enfrentar a Crise, pois não houve revolução, o Kapital se reorganizou para um novo ciclo longo (entremeados por crises cíclicas) tendo como norte, uma nova superestrutura, um novo modelo de Estado, um quase semi-estado, com supressão de Direitos, impedimento de acesso à justiça, de aumento da exclusão não apenas econômica, mas de qualquer política pública e/ou social compensatória.
Para consignar esse programa estratégico era preciso atacar a Democracia Representativa, expor suas mazelas, corrupção (própria do sistema capitalista) criminalizar a Política, e a quem faz política, com processos esdrúxulos, uma perseguição sufocante aos líderes, em particular os de Esquerda, prendendo-os, perseguindo-os de forma infame, produzindo linchamentos midiáticos, nesse sentindo, o Judiciário foi o feitor do Kapital, a mão de ferro, contra a Democracia e a Política.
O Kapital conseguiu implementar em 10 anos o maior ataque aos trabalhadores em séculos. O fim de leis trabalhistas, de direitos sociais conquistados, aposentadorias. Atacou as organizações de trabalhadores, associações e sindicatos. Esse enfraquecimento da Classe foi o que permitiu a ampla Uberização, precarização completa em todos os ramos da economia, o que significou a diminuição de empregos, salário e renda, ao mesmo tempo um crescimento de bilionário e trilionários no mundo,
Essa política ultraliberal, de super pressão sobre os trabalhadores e o povo em geral, foi vitoriosa nessa década, começou a dar sinais de esgotamento, não dar para ficar na pressão eterna, além do que, o essencial foi conseguido, o distensionamento que se inicial é feito em bases bem inferiores, uma pauta mais rebaixada, e lutas, como no Brasil, para romper com ameaças fascistas, autoritárias, o que não deixa de ser irônico, as tais lutas pelas “Liberdades”, que seguiram ao junho de 2013, redundaram num governo de inclinação fascista.
As eleições presidenciais que se aproximam, as táticas políticas democráticas vão refletir essa conjuntura de reconstrução das defesas dos trabalhadores e do povo, uma ampla aliança política que vai de parte da esquerda da esquerda à Centro-Direita, passando pelo núcleo duro, o centro-esquerda, com uma pauta bem elementar, de defesa da Democracia e da capacidade fazer Política.
É isso ou mais 10 anos de neofascismo, autoritarismo e barbárie. Alguns objetam que é muito pouco, ilusão, mas nada construíram de substancial para mudar a realidade inglória. Uma urgência será a eleição de Lula, o mais urgente que fosse no primeiro turno, o que não será nada fácil.
A realidade não é a que desejamos, mas a que existe, fora e independente de nossa consciência.