Primeiro coisa que vou dizer neste post é que apoiarei a chapa Lula-Alckmin, sem qualquer reserva, todas as minhas contradições, pelos longos anos de militância (sem muita importância) guardarei comigo e minhas reflexões servem apenas para mim mesmo, talvez alguém esteja na mesma situação política, em conflito com sua história e com esse momento inusitado, não inédito, nem no Brasil e muito menos no mundo.
Vejo o cenário de barbárie se aprofundando de forma avassaladora nesses últimos 10 anos, a retomada da economia, após a maior crise do Capital, desde 1929, produziu efeitos deletérios para o mundo, a saída encontrada, foi ir mais fundo na política do estado neoliberal, agora na forma, ultraliberal, que em síntese é a radicalização do outro.
Brevemente, desde os anos de 1980, com Paul Volcker no comando do Federal Reserve dos EUA, o FED (o banco central), se destampou a caixa de Pandora, o ataque fulminante às conquistas do Estado de Bem-estar Social do pós-guerra, inclusive, no seu outro lado, no leste europeu, com Perestroika e Glasnost. A crise do petróleo, os avanços da microeletrônica, permitiu ao Kapital um novo e ousado salto, o enfrentamento direto à classe trabalhadora, justamente no seu ponto de “equilíbrio”, o Estado burguês, que mesmo dominado pela fração burguesa majoritária, fez concessões imensas aos trabalhadores, resultado da luta de classes.
A queda do muro de Berlim e de todos os estados do leste se apresentou como a maior vitória do Kapital sobre a classe, mas a promessa de novos tempos, não significaria mais conquistas, ao contrário, foi a oportunidade arrancar grande parcelas delas, as correntes do fim da história e da da luta de classes, acreditavam piamente que também era o fim da Crise.
Os ensaios de crises nos anos de 1990, tigres asiáticos, dívida russa e da bolha da internet, apenas retardou a mãe de todas as crises, em 2005-2008. A crise de superprodução de capitais (voltamos ao velho Marx) se deu no centro, no coração do Kapital, EUA e UE, e na combalida economia japonesa, o que abriu novas possibilidades para que países periféricos e atrasados, como Brasil, África do Sul, Rússia e a crescente China, passassem a ocupar um lugar de destaque no mundo.
A vitória de Obama e do feitor Biden (o falcão da indústria bélica, a máquina de guerras) trouxe um novo cenário de enfrentamento, não atacaram diretamente a China, mas quebraram os elementos mais frágeis do G-20, com uma nova arma, as “primaveras” (jornadas), a política potencializada pelas Redes Sociais, sútil que conquistou até os “desavisados” da esquerda de verdade, tudo em nome de LIBERDADE, que palavra mágica e poderosa.
O eixo do ultraliberalismo é atacar: o Estado, a Democracia e a Política. Ardilosamente se criminaliza a Política, assim inviabiliza os processos democráticos, o Estado precisa ser menor que o mínimo, pois, quando grande é corrupto, atrapalha o crescimento, o emprego. Uma lógica que cada parte se completa.
Comeram pelas beiradas, pelos flancos, Egito, Turquia, Líbia, Síria, Ucrânia e a joia da coroa (até então), o rico Brasil do Pré-sal, das construção civil pesada, da criatividade de crescimento do mercado interno, da nova classe média, dos milhões de estudantes e de uma perspectiva de soberania.
O Brasil foi corroído por dentro, nas contradições históricas, pelo republicanismo tolo da direção petista, de vacilar em avançar mais, reformular as instituições corruptas e carcomidas, que precisavam ser derrotadas, reformuladas, do judiciário à grande mídia.
Embriagados pelo sucesso (enorme), o PT, como os troianos, não entendeu o presente de grego. Foi facilmente derrotado, sob seu comando se montou uma operação (lava jato) contra seu governo, um processo de impeachment montado sob uma farsa, a confiança no judiciário que conspirava junto. Um GOLPE sem nenhum um tiro, mas com milhões de mortos e feridos, esfomeados, como consequência trágica.
Os 580 dias de prisão de Lula, em processos absolutamente feitos por um tribunal de exceção, uma perseguição poucas vezes vista na história, demonstra como funciona a política de criminalização de líderes e movimentos.
O caminho politico de um Estado nesses moldes é bem próximos das experiências fascistas, sob nova roupagem, Bolsonaro (Trump), não acidentes de percurso, assim como Berlusconi não foi, é uma forma de distopia, de ruptura com a razão e a lógica, pelo menos no que era no Estado Burguês democrático.
Por tudo isso, reafirmo que não há saída fácil, muito menos apenas no campo mais à esquerda, enfrentamos um estado em ruptura, a quebra extrema da soberania, de um projeto local, o que difere da Ditadura civil-militar de 1964, que os tais generais, pensavam o Brasil como nação, ainda que sócios minoritários do grande capital, hoje é de entrega pura, direta, sem nenhuma compensação, basta ver Guedes, um abutre, no “comando” da economia.
A aliança com as forças de centro-direita não é aritmética, por soma de votos, talvez Alckmin nem tenha esses votos, mas a questão é de chamar setores do capital nacional, os golpistas, entreguistas, de que o país será destruído, como foi o Iraque, a Líbia, a Síria, a Ucrânia, o Afeganistão, o Haiti…
A base de acordo com Alckmin tem que ser a Soberania, a reconstrução das instituições, da Democracia e a possibilidade se fazer Política. Desgraçadamente, muitos que apostaram no fim do PT, naquelas jornadas, não vai ter copa, padrão FIFA e defesa do MP, não construíram nenhuma alternativa viável e concreta, ao contrário.
É essa a minha reflexão, não para chamar Alckmin de companheiro, ou algo que o valha, mas entender a engrenagem, sob minha perspectiva, e apoiar Lula e o PT, com essa aliança.