As recentes falas de Lula sobre temas polêmicos (ou não) têm levado a um debate perigoso na militância de esquerda, por um certo pragmatismo exagerado e um receio de que sejam manipuladas (sempre serão) pela mídia e pelo submundo do bolsonarismo.
É preciso voltarmos a debater os temas centrais da política e da economia, como desemprego, falta de governo, de saídas para a grave crise estabelecida desde o início do segundo governo Dilma, passando pelo entreguismo de Temer, até chegar-se ao ESCRACHO geral, que é esse desgoverno acidental e trágico de Bolsonaro.
Há outros temas “proibidos”, como o da pauta de costumes, que ganham importância com os posicionamentos de Lula, declara-se pessoalmente CONTRA o Aborto, mas que dever ser descriminalizado, e ser tratado como política pública urgente, pela mortes das mulheres, principalmente daquelas que não podem ter a segurança no aborto, uma fala civilizatória e humana.
Lula falou sobre discutir as questões da reforma trabalhista que quase destruiu as relações de trabalho, a mínima proteção ao trabalhadores e a enorme precarização da vida dos mais pobres, como também dos setores médios da sociedade.
Claro que a repercussão desesperada de mídia e do bolsonarismo parece que contamina uma militância política cada vez mais recuada, compreensível pelo golpe e pelas derrotas advinda dele, e todos esses anos de ventos ultraliberais, precisamos recuperar a iniciativa e a capacidade de enfrentamento, sem ter a mídia como vetor de medo e desmobilização, ela SEMPRE será contra a Esquerda, ela é venal e patronal, nada mais.
Do meu ponto de vista, mais que uma disputa eleitoral, estamos diante da possibilidade da discussão de temas urgentes que apontem para retomada dos marcos civilizatórios. Óbvio que a mídia ultraliberal vai bater em Lula, se ele fizer aliança Alckmin, ou se defender política sobre o aborto, ou que os Sindicatos devem lutar.
A mídia não pode ser a bússola do comportamento da Esquerda.
Afinal, para que serviria uma candidatura presidencial no campo de esquerda e progressista se não for para debater os problemas que afetam os trabalhadores e ao povo em geral? Ou enfrenta-se o debate civilizatório ou melhor aceitar a barbárie do bolsonarismo, sem reação, nos escondendo, mudando de pais.
Lula fez bem em trazer ao debate os temas espinhosos, sem medo de qualquer repercussão negativa. Nem tudo pode ser submetido ao cálculo eleitoral, nem podemos ser refém do extremo pragmatismo.