O Partido dos Trabalhadores (PT) completando 42 anos de vida significa a vitória da construção mais original da história dos partidos brasileiros. Nascido de um amplo movimento especial que reuniu os setores mais avançados da classe trabalhadora, sindicalistas, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Igreja Católica, intelectuais da academia e do meio artístico e grupos de esquerda trotskistas e de não stalinista, e se tornou um dos mais importante instrumento político do Brasil desde sua fundação.
O PT nasceu como partido de massas, com estreitos vínculos com os movimentos sociais, sindicais, no campo e na cidade, no reflorescimento das lutas políticas e sociais contra a Ditadura Civil-Militar, em meio às greves da classe operária e como movimento alternativo aos antigos PCs e suas táticas de conciliação de classes. As tendências e a Democracia interna, sem centralismo formal e burocrático foram um marco na esquerda brasileira.
O PT surgiu como força política que disputaria a hegemonia na Esquerda e na sociedade, elegeu deputados, prefeitos, já na suas primeiras experiências eleitorais. A campanha pelas Diretas Já e depois o boicote à escolha indireta do presidente, em 1985 foram fundamentais para o reconhecimento do PT como o partido diferente dos demais no cenário brasileiro.
O PT foi a força principal na construção da Central Única dos Trabalhadores e na formação do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terras (MST), foi importante na construção das oposições sindicais contra o peleguismo e o alinhamento patronal, fruto da ditadura.
As vitoriosas campanhas para prefeituras de capitais, como Fortaleza (1985) e São Paulo (1988), depois a disputa eleitoral de 1989, fazem parte de um momento histórico e de grande ruptura dos anos de 1980, em que o PT se firmou como a mais importante força política da esquerda brasileira e de partidos em geral, que se preparava para vencer disputas maiores.
A queda do muro de Berlim e do leste europeu teve enorme impacto na esquerda no mundo e no Brasil. O Capital passa a extrema ofensiva política e ideológica, praticamente todos os antigos Partidos Comunistas se esfacelaram ou assumiram posições sociais democratas, diante do neoliberalismo que se impôs como nova ordem, poucos sobreviveram com influência real na sociedade.
O PT fez sua inflexão política, o discurso mais radical e anticapitalista cedeu espaço para uma visão pragmática e de manutenção das lutas nos marcos do Capitalismo, uma visão de centro-esquerda, com referência na Social Democracia, mas de difícil implementação num país como o Brasil. Essa contradição impulsiona e cria impasses históricos.
A máquina eleitoral em que se transformou o PT nos anos de 1990, com presença em todos os cantos de um país continental, levou-o as quatro vitórias seguidas nas eleições gerais para presidente e de governadores de estado. Desde 1989, o PT disputou e chegou ou a vitória, ou em segundo lugar em todas as eleições gerais. Essa força política tem o poder de atração muito além daquele núcleo inicial dos anos de 1980.
A consolidação do PT, com todas as suas contradições, acertos e erros, transformaram o partido num bloco de resistência da classe trabalhadora e do povo contra o Capital, ainda que sua direção (envelhecida) tenha procurado seguidamente a conciliação e a administração responsável do Estado Burguês, a base e as expectativas de ruptura contra ele permanecem em tensionamento histórico.
Aos 42 anos, às vésperas de mais uma eleição presidencial, tendo Lula, o seu maior líder histórico como um favorito, em meio a reconstrução do PT, depois de um duro período de derrotas e incertezas, o PT demonstra uma energia e vitalidade impensáveis há 4 anos, é dessa força original que alimenta-se a esperança de vitória e de novas mudanças, num cenário ainda mais complexo.
Viva o Partido dos Trabalhadores, viva os Trabalhadores e o Povo Brasileiro.