Arnobio Rocha Reflexões A Imortalidade e a consciência da finitude.

1959: A Imortalidade e a consciência da finitude.


O temível relógio do tempo, o que rege a vida e o fim.

É a consciência que nos faz mortais.

Ao ter consciência nos tornamos superiores aos demais seres, ao mesmo tempo nos tornamos menores, pois, sabemos, que teremos um fim. A finitude faz dos humanos (as) criaturas cheia de luz e tristeza, a primeira por achar que será longe, a segunda, quando pensa que está perto do seu fim.

De modo bem próprio, Borges, diz que “Com exceção do homem, todas as criaturas são imortais, pois ignoram a morte”. Ora, a consciência é nossa glória e nosso fardo. Os maiores feitos humanos são em nome da imortalidade, os atos de bravura, de destemor, as grandes obras artística e literárias, as invenções, claro a ciência, no sentindo de prolongar a vida.

Os grandes poetas tratam da consciência sobre a morte, e o medo do fim, faz de nós covardes, no Hamlet, Shakespeare fala do temor da morte e suas consequências:

Quem aguentaria fardos,
Gemendo e suando numa vida servil,
Senão porque o terror de alguma coisa após a morte –
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante – nos confunde a vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já temos,
A fugirmos pra outros que desconhecemos

Entretanto, o mesmo Shakespeare, no Macbeth, o sentimento é o oposto, o fim é desejado de forma ardente:

Já vivi bastante. O curso de minha vida
Chegou ao seu outono, à folha seca e esmaecida,
E aquilo que deveria acompanhar a velhice,
Como honra, amor, obediência, bandos de amigos,
Não posso mais esperar ter;

E a vida é vista com desdém:

A vida não é mais que uma sombra errante, um mau ator
Que se pavoneia e se aflige no seu momento sobre o palco
E então nada mais se ouve. É uma história
Contada por um idiota, cheia de som e fúria,
Significando nada

É essa dualidade produzida pela consciência da finitude, mortalidade e imortalidade, que vai guiando as nossas ações, dos grandes personagens aos cidadãos comuns, dos que tiveram acesso aos estudos ou daqueles que não tiveram letras. Dos bilionários (as) aos mais simples, pois, a todos e todas o fogo de Prometeu tocou, dando (cons)ciência e o castigo de Zeus, a mortalidade.

É viver!

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One thought on “1959: A Imortalidade e a consciência da finitude.”

  1. Foi a morte quem nos criou um Frankenstein, um Fausto, um Dorian Gray. Sem o estopor diante de Thanatos, nada criaríamos Duvide-se da cultura dos deuses e demiurgos. Ao seu modo, os verdadeiros imortais são os outros animais. Cuidam da prole, a colocam como prioridade zero, contra toda e qualquer ameaça. Não têm qualquer noção de suas finitudes. Ao cabo, gosto mais da visão para lá de popular de Niemeyer: — «A morte é uma me?da»!

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