“Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui o Haiti não é aqui”
(Haiti – Caetano Veloso)
Domingo chuvoso, no meio de um longo feriado, fui chamado para representar a Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP para uma assembleia convocada pela Associação Social dos Imigrante Haitianos (USIH), entidade criada pelos imigrantes para defender os seus direitos, ajuda mútua, preservação cultural e integração da comunidade ao Brasil.
Há um grande contingente de haitianos (as) vivendo no Brasil, desde o grande terremoto de 2010, boa parte deles moram em São Paulo, muitos em condições aviltantes, o que reflete a situação desastrosa do país em geral, da mais rica cidade do Brasil, em particular.
Aceitei imediatamente a tarefa, pois há uma situação extrema de violência e de violações de direitos humanos, especialmente porque a assembleia seria para decidirem sobre o pedido judicial para que se cumpra a Lei de Imigração, que determina a reunião dos familiares no país em que se encontram os imigrantes e refugiados, sem nenhum impedimento burocrático, exatamente o que acontece no Brasil.
Foi um tremendo acerto, ainda me sinto muito emocionado com a recepção calorosa que fui recebido por eles, aquele povo simples, bonito, alegre. Estavam ali com altivez, vestiram as suas melhores roupas, como se fossem a uma festa, dada a importância do tema.
Os discursos fortes, a saudade de suas casas, de seus entes queridos, submetidos à dura realidade de luta pela sobrevivência e de abandono, vindos de um país destruído por tantas tragédias, agora vivendo no Brasil, em condições complexas, de pouco acolhimento e respeito aos seus direitos fundamentais, mas ali, reunidos, firmes e decididos.
Foi lindo demais, agradeço demais pela oportunidade de ir à assembleia, voltei melhor, mais humano, cheio de esperança de um mundo sem fronteiras e construído em irmandade.
O que me faz lembrar de que lutar pelos Direitos Humanos não é uma mera declaração em dias de festas ou em eventos, deve ser um exercício para conhecer as pessoas, as gentes, povos, poder abraçar, sentir o calor deles, no local em que vivem, saber de suas duras realidades, sem receio, olhar nos olhos de cada uma e cada um.
Há braços!!!