Arnobio Rocha Diário de Redenção Três anos de dor e saudades

1900: Três anos de dor e saudades


Querida e amada Letícia,

O tempo não tem o condão de nos fazer esquecer uma saudade tão intensa e que se renova a cada dia, transformando em dor e uma profunda tristeza. Nas nossas ilusões, de sua mãe, de sua irmã e minhas, continuamos achando que você não se foi, é apenas um pesadelo, que vai passar.

Seu quarto está aqui, suas coisas, arrumadas como você deixou, não é apego, é falta de coragem de mexer ou esperança de que voltarás amanhã, até suas cinzas permanecem, quem sabe delas ressurjas como uma fênix.

Para muitos hão de dizer, já três anos? Para nós, continuamos no maldito e incompetente hospital Samaritano, como naquele filme, de que todo dia é a mesma coisa, não foi justo, não é justo, nenhuma satisfação ou reparo, ficamos com nossas vidas destroçadas, nem sabemos muitas vezes como acordamos e, pior, como levantar.

Seu sorriso continua iluminado minhas sombras, meus sentimentos ruins, que são pacificados ao te olhar, não é fácil, não é simples. De certa forma, saber que nosso tempo aqui não será tão longo, conforta, pois é impossível suportar tanta dor, saudade e ausência.

Enquanto houver lógica nos meus pensamentos, os melhores serão seus, minha doce filha, para sempre

Te amo!

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