Esse confronto era feito nos bastidores, nas associações que representam oficiais que tentam emparedar e pôr em Xeque o governador, o poder civil, parte de uma tese de “Doutrina de Segurança” de que a Polícia Militar, não se submete ao comando dos governadores, mas seria subordinado ao comando do exército e seria força autônoma, inclusive só responderia à justiça militar.
Essa luta para não aceitar as ordens da secretaria de segurança, foi criando um risco institucional permanente, o que explica as falas desses coronéis, agora, em clara desobediência, reflete as derrotas das ações no judiciário pedindo “independência” da Polícia em relação ao governo, questionando as portarias normativas da Secretaria de Segurança Pública.
O que aponta para um grave risco de confronto direto entre setores da PM que se dizem Bolsonarista (ou até à Direita dele, Doutrina da Segurança) versus Governo do Estado, legalidade, e o comando da PM que seguirá a hierarquia, respeito à constituição.
Qual dos dois tem mais força?
Ontem, 24.08, numa reportagem da Folha de S. Paulo, o Deputado Bolsonarista, Coronel Tadeu, fala que o “movimento” contratou 50 ônibus do interior, para trazer PMs para Paulista no dia 7 de setembro e que “80% da PM Paulista é Bolsonarista”.
Ao mesmo tempo, o Governo Dória afastou imediatamente o coronel da ativa, que comandava uma unidade no interior com 5 mil homens sobre seu comando. O governador, a secretaria de segurança e o comando geral da PM, deram uma demonstração de força e afirmação de que não vão aceitar insubordinação, o que é correto e imprescindível.
Vários governadores estão sendo avisados por seus comandantes de tropas sobre os riscos e os insufladores pela quebra da hierarquia e questionamento do comando civil estadual.
A Sociedade civil espera que a constituição seja respeitada, que os governos estaduais possam exercer o comando do Estado em toda sua dimensão, sem nenhuma tutela, ameaça, motim, ou tentativa de quebra da ordem vigente, independente de partido ou governo.
Outra reflexão necessária é se essas ameaças, ou esse números de que o bolsonarismo realmente ganhou corações e mentes nas tropas das PMs no Brasil, correspondem a verdade. Particularmente, penso que muitas vezes há um impressionismo muito grande da esquerda e progressista e medo, apreensão com essas ameaças, o que permite declarações de fanfarrãos, falando dos tais 80%, puro marketing?
É pagar para ver?
Óbvio que não se deve subestimar a influência sobre as forças públicas (PM, Polícia Civil) de regimes autoritários ou de pessoas que os defendem, como Bolsonaro, entretanto, não há nenhuma pesquisa científica, ou mesmo demonstração ampla de que essa referência seja total, ou que seja amplamente majoritária.
Na falta equilíbrio na maioria da análise, a teoria do MEDO, sempre vence.
Do lado popular, o Grito dos Excluídos é uma iniciativa que acontece há quase 35 anos, incentivada pelos movimentos sociais, na sua origem D. Paulo Evaristo Arns, que faria 100 anos agora, era um incentivador do acolhimento deles, especialmente sem terra e sem tetos, na catedral de São Paulo, o 7 de setembro é uma data no calendário dos movimentos sociais.
Aparentemente, a disputa institucional, PM x PM, dita de forma simples, virou algo maior e mais delicado, que o movimento social deve prestar atenção ao todo, inclusive, se tem acúmulo para ir à Paulista criando um outro flanco e ponde em mais risco, mas essa decisão é dos movimentos sociais, que tenha visão e precisão em suas decisões.
A esquerda, os que defendem a Democracia, têm que ajudar a encontrar uma saída, não compactuaremos com os que querem o caos.
Fiquemos alertas!