1826: As Surpresas de cada Dia.

O “menu” da vida não cabem numa surpresa que acontece.

Por mais que se pense que nada vai nos surpreender, a vida vem e nos surpreende todos os dias, aliás, esse é o lado bom da vida, ou não.

As reflexões que tenho feito aqui  e compartilhada, nestes últimos anos, são tentativas de manter uma certa sanidade, um estado de humor que permita continuar a viver com dignidade e com inteligência.

Procurei me envolver de forma mais leve em determinados processos da vida, como a atuação militante, para evitar mais pancadas e ao mesmo tempo exercitar outras formas de colaboração como na defesa dos Direitos Humanos, talvez até mais útil do que simplesmente mergulhar de cabeça em projetos e ações que sei que não se decidirão numa eleição.

De certa forma temos que olhar para frente, sem ficar preso ao retrovisor, confiar que vamos conseguir superar qualquer coisa. Fixar o olhar para frente desafiou Orfeu, depois a mulher de Lot, ao saírem de Sodoma e Gomorra, ela não resiste e vira uma pedra de sal. A mensagem é idêntica, não olhe para trás, o mundo está à frente, o passado, não volta, o que sentimos hoje, não conserta o que fizemos no pretérito.

Esta lógica do seguir em frente não pode também nos fazer indiferentes ao que nos rodeia: as pessoas, as suas microtragédias, os desacertos do cotidiano ou as desavenças próprias da nossa medíocre/espetacular trajetória. Falar de si, por mais egoísta que seja, pode ser um alento para as dores que cada um em particular sofre, mas não consegue efetivamente expressar.

Indo um pouco além, percebemos que a vida, ou seus atos fundamentais são repetitivos, milhões de pessoas vivem e sobrevivem num mesmo compasso que é de relógio, com as mesmas obrigações, raramente mudando uma vírgula de seu cotidiano, que seguem em frente sem alterar nada, se resignam em continuar, continuar, esperando ou não por algo melhor, mais digno, ou não, apenas resignado.

As religiões, as ideologias, as paixões funcionam como um “regulador”, ou como uma válvula de escape, para que se fuja do “eterno retorno”, que se tenha a impressão (falsa ou verdadeira) de que se estar fazendo algo “diferente” do habitual, do normal, do humano.

O risco do fim do humanismo coincide exatamente na época em que estamos “mais próximos”, mas também mais distantes e isolados. Todas as razões plausíveis podem explicar, justificar cada ação ou omissão de cada um de nós: as inapeláveis desculpas de trânsito, distâncias, compromissos, atividades, tudo perfeito, alivia a “culpa”, mas martela (ou não) na consciência

Sigamos em frente, ou não.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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