“Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também
Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre”
(Teogonia – Hesíodo)
Ora, devo confessar que, de alguma forma, não sou tão ruim o quanto possa parecer, determinadas coisas prazerosas e únicas, às vezes pequenas, mas que se tornam enormes para o momento especial de vida, por exemplo, com mais 50 anos tenho a sorte de poder deitar a cabeça no colo da minha mãe e ficar conversando com ela por horas, recebendo todo amor que ela tem por mim.
Isso é o que me faz crer que alguma coisa boa devo ter feito nessa vida maluca que se leva, cheia de atropelos, desacertos e desatinos, que muitas vezes ficamos em dúvida sobre quem somos e se o que realmente fazemos faz sentido para nós e para as pessoas com que convivemos, de forma mais ampla, para a sociedade, cidadania e sentido de vida coletiva.
As lambadas que tomamos na vida, os eventos funestos, as micro tragédias pessoais, criam incertezas graves sobre o que somos, nossa auto confiança decaí, naturalmente as energias vão sendo sugadas por sentimentos e sensações ruins, que passamos apenas a sobreviver, sem nenhum brilho ou desejo pessoal.
A conjunção de todos esses fatores que se somaram à pandemia, cobraram um preço muito alto, o corpo e a mente sentiram imensamente, o esgotamento é quase total, mesmo para as coisas mais elementares, faltam energias. É claro que lutamos, buscamos respirar, não se deixar vencer, criar algumas notas mentais de como enfrentar e obter pequenas vitórias e alívios.
É como se toda a nossa história, de vida, militância, amor, gritasse mais alto do que os males que nos atingiram, temos que mudar, viver, acreditar e levantar.
Parece bem louco, tem algo que não seja louco, hoje em dia?
É essa nossa luta diuturna, resistir ao caos e tem ideias para continuar a combater todos os males e mazelas.