Então chegou a sexta, #sextou uma qualquer, mas é sexta, de uma semana estranha, muito estranha, aquela em que seria de carnaval, que foi “cancelado”, a maior prova de que os tempos são mais do que anormais, nem adiante teimar com a realidade, é o estranhamento o que vivemos, e não só.
Há sinais tão evidentes, mas até quando a humanidade vai ignorá-los?
O cancelamento do Carnaval é um destes sinais de que algo vai muito mal. A festa mais longa e popular do Brasil, uma das maiores do mundo, festa que reúne elementos de várias tradições, unindo sagrado e profano num sincretismo único, que serve de desrepressão, de libertação e fantasia num país triste como o Brasil, ou alguém ainda insiste nessa bobagem de “país alegre, país cordial”?
A questão não deve ser vista apenas sob um prisma particular, ou de um país, pois talvez fosse mais simples de se revolver, aliás, o que nos assombra nessa situação pandêmica é a incapacidade geral de lidar com um vírus e suas mutações, mesmo com tantos avanços científicos e tecnológicos.
O tal “modo de vida moderno”, com suas particularidades locais, está sob ameaça e é incerto que nessa geração tenhamos uma leve sombra de volta ao “normal”, mesmo que esse “normal” seja bastante questionado e cheio de hierarquias e camadas, a maioria de nós, humanos, já vive o “anormal”, que a Pandemia apenas lançou luz e holofotes na miséria, no isolamento social, nas diferenças gritantes econômicas, entre outras.
Os dias da semana sofrem essas mutações próprias dessa época. O modorrento domingo à tarde e a sua reação melancólica, já não tem o mesmo impacto, porque a segunda já não tem o peso terrível, da ressaca do fim de semana.
Na outra ponta, #sextou não tem o mesmo sentido do imaginário popular de é o dia libertador, da saída ao final do dia e expediente, esticar com amigos (as), bares, restaurantes, boates, festas, sem se preocupar com o preguiçoso sábado.
São “novos tempos”, ou velhos tempos com roupagens esquisitas.