A queda geral no mundo do padrão civilizatório burguês e ocidental, representado pelo Estado de Bem Estar Social. que parcialmente (e para bem poucos) chegou ao Brasil, bem tarde, ressalte-se, e que de tão rápida passagem, poucos sentirão sua falta, e todos aqueles que nem experimentaram algum prazer dele, não terão nada a lamentar, nem porque defendê-lo.
A construção de valores universais burgueses como Democracia, República e Política, no Brasil continua a ser de experiência limitada, esporádica, predominando a opção pelas ditaduras, autoritarismo, com alguns momentos em que a Democracia vinga, mas sempre sob ameaça, uma tutela militar tradicional que atende a burguesia local, que detesta o custo de uma democracia, quanto mais soberania.
A tragédia se repete de farsa em farsa, de época em época, mesmo em períodos mais longos, como de FHC, Lula e Dilma, o custo foi alto da concessão às velhas oligarquias, aquelas que vieram nas caravelas, seculares, acostumadas à chantagem e parceria com os milicos.
Ousar fazer Política no Brasil é sempre um risco, em particular, política em que se questione as mazelas públicas, os séculos de exploração e ausência de projeto de nação; de país independente e que incorpore todos aqueles que jamais tiveram acesso a nada.
Com todos os limites dos governos petistas, foram naqueles anos em que houve uma esperança de que o Brasil poderia romper com seu passado autoritário, excludente e injustos. O fosso social é tão profundo que as políticas de inclusão, mesmo as mais tímidas, criavam enormes possibilidades justamente para os mais excluídos.
Aumento do salário mínimo acima da inflação, bolsa família, prouni, fies, pac, “minha casa, minha vida”.
Nada disso era fácil, as enormes concessões ao setores burgueses era a moeda de troca, enquanto isso, nos porões, nos esgotos, a reação, para voltar ao que sempre fomos.
Era uma ilusão, quase real, mas era ilusão, como no carnaval.
O mais importante é que se tentou, com erros falhas, falta de consistência em muitas ações, no entanto se viu que é possível fazer algo diferente e que valeu a pena, que se pode tentar de novo, com mais certezas, menos concessões, menos medo, menos governabilidade e mais povo.
É possível?