“Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você (Friedrich Nietzsche, Além do Bem e do Mal)
O Brasil se supera todos os dias.
Aqui não vale a expressão “fundo do poço”, cria-se o “volume morto”, que foi a forma tucana na crise de abastecimento para designar a lama das represas que secavam e eles culpavam a falta de chuvas.
Essa sabia criação, Volume Morto, pode definir o Brasil para muito além do Fundo do Poço. Nada pode está tão ruim que não possa piorar, pode, acredite, pode muito.
O governo Bolsonaro é a espiral decrescente e abrupta de todos os valores éticos e morais que jamais imaginávamos. “Nunca antes na história” fomos tão baixos, vivemos no lamaçal, na soma de todas as tragédias e parece que ainda é pouco, a nítida sensação de que vai e deve piorar.
Revisamos para baixo o conceito do sem limites, não temos mais.
Da bizarra eleição da presidência da câmara federal em que DEM de Rodrigo Maia, o partido que patrocinava a principal candidatura de “oposição”, ou de alguma independência, na noite anterior ao pleito, anuncia que rompe com seu líder e votará no adversário, assim, publicamente. Rodrigo Maia, fez jus à alcunha “Botafogo”, caiu para segunda divisão antecipadamente.
Esse show de horrores culmina com uma festa de arromba com mais de 300 pessoas, ao som do breganejo, arrocha, aglomeração, ninguém de máscara, isso em pleno pico da pandemia. A irresponsabilidade é pouca, aquele povo ali, homens e mulheres, dançam animadamente, como se não houvesse amanhã, muito mesmo 225 mil mortos, e uma crise institucional sem precedentes.
Calma, tem mais, Bia Kicis, nada mais nada menos, presidirá a Comissão de Justiça da Câmara, como se isso não fosse pouco a Deputada Flordelis, ré pelo assassinato do marido, além de não ter tido seu mandato cassado, será secretária da Comissão de Mulheres da Câmara, penso que deveria ter ido para Comissão da Família ou de Direitos Humanos, porque tudo parece nada.
A possibilidade de Bolsonaro sofrer impeachment que era Zero com o rotundo Maia sentado em cima dos mais de 60 pedidos, agora é de menos 5.000. Todas as barbaridades de Bolsonaro e sua família serão devidamente esquecidas, livres para fazer o que bem entenderem, nada os pegará, nada importa o que fizerem ou deixarem de fazer, pois é muito pouco a omissão, no mínimo, pelas 225 mil mortes da Pandemia.
O nono ciclo do inferno também é pavimentado com o escárnio de um burocrata qualquer da Prefeitura de São Paulo do Sr. Bruno Covas que manda colocar peças de cimento pontiagudas embaixo dos viadutos, cujo objetivo é impedir que os miseráveis, aos milhares da cidade, não se abriguem lá, esquecendo que não há NENHUMA política pública de moradia ou que os abrigos têm 13 mil vagas, enquanto há 50 mil desabrigados (dados defasados).
Num ato de fé e coragem, Padre Júlio Lancelotti, feito aquele cavaleiro Lancelotti da távola redonda, ou um Thor com seu cajado, de posse de uma marreta, quebra com suas parcas forças algumas dessas peças pontiagudas, um ato simbólico de amor à vida e de resistência, como poucos de nós tem coragem de fazer.
A simples demissão do burocrata não pode esconder a cadeia de responsabilidades que validaram essa obra cruel e higienista, profundamente desumano que atenta conta a vida, a dignidade e os Direitos Humanos dos mais vunelráveis.
O Volume Morto, o lamaçal segue seu ritmo acelerado, somos apenas registradores do CAOS.
De soluçar… duro de ler, quanto mais viver.