“Que os deuses possam favorecer
o nosso campeão, pois ele se lança
em justa razão a lutar pela cidade: mas me apavoro
ao contemplar os corpos ensanguentados,
caídos em desgraça”
(Os Sete Contra Tebas – Ésquilo)
Na peça “Os Sete Contra Tebas”, Ésquilo, trata da guerra dos sete príncipes aliados de Polinice que reivindicava o trono de Tebas, usurpado pelo seu irmão Etéocles, após a morte do pai deles, Édipo, o tio deles, Creonte, depois de ficar no trono como interino, fez acordo que os irmãos reinaria alternadamente, quando chegou a vez de Polinice, Etéocles não cedeu e expulsou o irmão da cidade estado.
Polinice se refugia em Argos e lá casa-se com a filha do rei Adrasto, com o apoio do sogro, reúne um exército com sete príncipes, cada um se posiciona numa porta de entrada de Tebas. Na porta principal, Etéocles, propõe um duelo singular com o irmão, para evitar derramamento de sangue. A luta entre eles, ambos acabam morrendo, cumprindo o vaticínio do pai, quando foi banido por eles.
Ora, o passado veio à mente, ao ver as altercações dos irmãos, BolsoDória. Os dois estavam juntos em 2018, o segundo traiu seu candidato, Alckimin, seu próprio partido pegando carona na campanha do Capitão, rumo ao Planalto, se uniram no antipetismo, numa plataforma reacionária baseada em fake news, numa campanha bem urdida via redes sociais.
A ruptura entre eles, se deu imediatamente após a posse, de Bolsonaro na presidência, e de Dória, no governo de São Paulo, estado mais rico do país e mais populoso. A cizânia se deu fundamentalmente pela perspectiva de 2022, nenhuma diferença de fundo, especialmente na condução da economia, programa absolutamente alinhados, contra os direitos e de aprofundar o ultraliberalismo.
O que era uma disputa silenciosa, se tornou pública com a pandemia. Bolsonaro assumiu a tática de negacionismo completo da doença, assim como da ciência e foi mais fundo em todas as questões de costume. Dória o ultraliberal “educado”, passou a cultivar uma imagem mais de centro e conciliadora, foi muito bem nos meses iniciais do combate ao Covid-19, sendo o principal nome de debate contra o negacionismo tosco de Bolsonaro.
A contenda se aprofundou mês a mês, mudando o centro para questão da vacina e vacinação, com muito mais habilidade e percepção da realidade, Dória, usou de forma certeira a estrutura do Instituto Butantan e instituições de pesquisas, importante lembrar que antes, Dória tentara esvaziar e/ou privatizar. A mudança se deu exclusivamente pela emergência da pandemia e os resultados em busca da vacina.
Hoje, 17.01.2021, essa briga, teve um novo importante capítulo. A ANVISA, que sofre assédio do desgoverno Bolsorano, aprovou a CoronaVac, a vacina chinesa que teve o Instituto Butantan como um dos centros desenvolvedores, uma vitória da ciência brasileira.
A derrota de Bolsonaro é dupla.
Primeiro, porque Bolsonaro por várias vezes desdenhou da vacina chinesa, de que não a compraria e não usaria dinheiro público para comprá-la. Segundo, porque fez uma tentativa fracassada e bisonha de comprar uma similar da Vacina de Oxford, produzida na Índia, mandou um avião envelopado com a propaganda do governo Bolsonaro e voltou vazio, agora, Bolsonaro se viu obrigado a pedir os lotes da vacina chinesa ao governo Dória.
Dória politizou ao extremo, fez markentig no limite da irresponsabilidade com os números da CoronaVac, mas se mostrou correto no geral e ainda terá um ganho maior, pois cederá parte das vacinas ao governo federal, carimbando-as como Vacinas de São Paulo, vacinas do Dória.
A luta entre irmãos, ainda não acabou, pode ter como resultado, o mesmo de Tebas, quem sabe. Hoje o placar é amplamente favorável ao Dória, sobrando ao Bolsonaro as grosserias de sempre, de insinuações homofóbicas, para incitar sua horda de cafajestes.
Vamos esperar por novos rounds?