Arnobio Rocha Diário de Redenção 2 Anos de Escuridão e Luz!

1729: 2 Anos de Escuridão e Luz!


Um dia qualquer aos 16 anos (em 2013), a alegria de não se saber o porvir.

“Standing on a hill in my mountain of dreams
Telling myself it’s not as hard, hard, hard as it seems”
(Going in California – Led Zeppelin)

Enquanto existir alguma consciência em mim, por toda vida que me resta, por nenhum momento vou deixar de pensar na minha Letícia. É difícil dizer de como sobrevivi a esses dois anos de sua partida, entre tantas coisa, pela forma como se deu o desfecho, de nenhuma resposta lógica ao que aconteceu naquele maldito hospital, da últimas horas desesperadora, uma tortura inominável.

Lembro exatamente dos pensamentos confusos ao sair do crematório, enquanto vinha dirigindo para casa, naquele dia chuvoso, o céu chorava ao prantos. A cabeça parecia que ia explodir e dizia a mim mesmo, o que será o dia seguinte e o próximo, o que preciso fazer para seguir em frente.

Por mais duro que estava passando naquele fatídico 18.11.18, nem de longe imaginava o que poderia acontece, menos ainda sobre tudo o que veio depois, o poder devastador sobre todos nós de tão terrível perda. As enormes feridas abertas e expostas, a maior dor é de quem fica, isso é certo, pois tem que buscar algum alento, forças para dormir e acordar, sem cair, ou quando cair, levantar.

A crueza desse escrito, e dos outros artigos, mês a mês, garanto, não é um lamento e nem de longe dirá o que é a vida que nós temos enfrentado, cada um de nós.

Escrevo para não morrer de tristeza.

Essa é a única maneira de manter a sanidade. Por várias vezes recebi críticas, indiretas, faz parte da vida e de nossas limitações, revelam como as pessoas enfrentam seus medos, alguns sinceros, outros porque não dão conta de entender e ter capacidade de manter o silêncio em sinal de respeito ao que o outro vive. Fora a coleção de pérolas e lugares-comuns, entre esses, o maior: O tempo cura!

Bem, cheguei até aqui, vivo, consciente, sobrevivente e decidido a não temer nada, mas nada mesmo, o que é libertador não ter medo, principalmente da morte, o que aprisiona a nossa consciência humana, o fim. Passei a ter mais amor pela vida, não mais apenas em tese, mas na prática, enfrentar as barbáries e pela dignidade das pessoas, especialmente para aquelas que são esquecidas, invisíveis, como se não existissem, sem direitos.

É a inspiração que vem da enorme vontade que a Letícia tinha de viver, da sua bondade ímpar,  de sua preocupação com as pessoas mais simples, com seus amigos, de fazer as pessoas felizes como missão de vida, como deixou escrito.

Por fim, vamos em frente, entre choro, dores e alguma esperança de que vale a pena viver e fazer algo pela vida e pela humanidade, dentro de nosso tamanho.

Obrigado, Letícia, por tudo que me deu, principalmente amor e amor pela vida.

(Nossa música de viagens que te fiz ouvir por tantas vezes)

 

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