“Um espectro ronda os EUA – o espectro chinês” (parafraseando o Manifesto Comunista)
Daqui há dois dias, mais uma eleição polarizada nos EUA, o mundo terá o desfecho dessa tragédia que ameaça a civilização como um todo e que nos condenará à barbárie. É muito difícil pensar de forma racional e tentar compreender determinada época histórica e seus fenômenos autônomos.
Em 2016, a corrida presidencial dos EUA teve como centro do debate a “interferência” da Rússia na disputa, as informações sobre Hillary e suas relações controversas com o poder real, a fusão do Kapital com a burocracia permanente que dirige o Estado.
Os falcões de ambos os partidos (Democratas e Republicanos) buscam se vincular como chance de conquistar vantagens, ao contrário de Trump, que é parte do Kapital mas se apresentava como antissistema, que era exatamente o que esperava o cidadão consumidor de fakenews e de redes sociais.
Trump Presidente, o irreal tomou sua forma ideal e não é uma construção metafórica, mas de filosofia real em que a autonomia dos fenômenos objetivos se realiza de forma concreta. O Estado de Exceção, como Regra, que prefiro denominar Estado Gotham City, é a preparação da completa autonomia da plutocracia em relação à Democracia Formal: Povo, Estado e Nação.
A Economia dos EUA, desde de 2012, vivia uma nova fase de expansão, depois da enorme crise de 2005-2008, que teve como maior consequência, a mudança de paradigma do Estado, era necessário apagar qualquer vestígio de um Estado que atendesse demandas sociais, o aprofundamento de reformas e de incentivos para atração das empresas e empregos nos EUA feitos por Obama, foi radicalizado por Trump.
As características de autonomia da administração dos EUA, comandada por agência, pouco permite que o Presidente efetivamente mexa no essencial, isso faz com que, personalidades tão distintas como Obama e Trump, dirijam o país sem que se possa mudar o curso do país em curto prazo. Entretanto as relações internas com setores mais duros do império, impõe ao mundo marcas mais profundas.
A luta de vida hoje nos EUA e nas sua eleição é o embate com o futuro, especialmente o enfrentamento com a China, dentro como vitrine a 5G. A política implementada nos EUA de busca de competitividade, foi levada ao congresso em 2010 por Obama no discurso do Estado e da Nação.
Naquela ocasião, o relatório estratégico para os próximos 30 anos apontava a perda de competitividade do país frente ao mundo, em particular, nos campo da ciência e da tecnologia, a educação. A predominância dos EUA continuava pela força do Dólar e da presença no mercado e transações, mas havia riscos com a visão de país apenas consumidor, era preciso atrair a produção e o desenvolvimento de volta para casa.
O fator China já estava no radar e ele se tornou rapidamente como decisivo, não é a toa que Trump e Biden dizem a mesma coisa sobre as relações com a China, ambos prometem endurecer o embate, não há divergências de fundo, receio que Biden pode ser ainda mais radical, pelos vínculos com a comunidade de espionagem e segurança, como alertou Glenn Greenwald.
Em 2020 parecia um passeio para os Democratas, afastaram o “socialista” Sanders e impuseram o falcão Biden, quase um Republicano. Trump e seu negacionismo da COVID-19, os 235 mil mortos, dava toda certeza de uma derrota, entretanto a complexidade das eleições, como também o momento do desespero sobre o futuro acenderam a luz vermelha da campanha de Biden.
Trump e seus seguidores radicalizam mais uma vez o discurso de ódio, atacam abertamente, o patriotismo, Deus e a nação, além da ameaça de não reconhecer uma provável derrota. Nesse ano de pandemia, os americanos compraram 20 milhões de armas, o que se percebe é um risco real de confronto e de violência a depender do resultado das urnas, uma vitória apertada de qualquer lado, pode abrir margem para questionamentos e enfrentamentos de ruas.
Do lado chinês, a semana passada foi da reunião do pleno do Comitê Central do Partido Comunista da China, mais parece um evento de uma grande empresa, com planos estratégicos, deliberações sobre concorrência e decisões de como avançar na presença da China S.A. no mundo, os acordos que podem viabilizar o maior salto econômico no plano quinquenal de 2021-2025.
É esse o cenário nervoso para os próximos dias, que definirão o mundo.