“Uno é o mito, mas não por se referir a uma só pessoa, como creem alguns, pois há muitos acontecimentos e infinitamente vários, respeitantes a um só indivíduo, entre os quais não é possível estabelecer unidade alguma.” (Ética a Nicomaco – Aristóteles)
Bem antes da Pandemia um mau maior nos perseguia, a Egolatria.
O grande risco que corremos, desde a queda do muro de Berlim, é de que nós não nos adaptemos a nada e nem a ninguém.
Parece que nada é digno de nós.
A facilidade que encontramos para justificar essa falta de empatia geral, é dizer que nada presta: Partidos, sindicatos, associações, empresas, clubes, confrarias, movimentos.
O que, por conseguinte, também ninguém é digno de nossa admiração: Artistas, intelectuais, jogadores, cientistas, professores, profissionais.
Por fim, as relações pessoais são cheias de senões, exigimos de todos que nos cercam algo que, na maioria das vezes não temos e muito menos oferecemos. O que inevitavelmente nos isola, mas apontamos para os outros a “culpa” desse isolamento, inconscientemente, desejado.
Somos tão pateticamente perfeitos, que não enxergamos os outros apenas nosso espelho, o que, desconfio, nem ele nos suporte.
Nesse sentido, as redes sociais, potencializam esse vazio individual (existencial), nosso ego é capaz de responder a tudo e a todos com maestria, com superioridade e autoridade impressionante. Nada nos escapa, nada mesmo há respostas para qualquer coisa, não há dúvidas ou reflexões, estamos prontos para vomitar a “verdade e a vida”.
O que, talvez, explique o comportamento fascista e autoritário generalizado. Sozinhos sabemos tudo e impomos nossas verdades, sem precisar provar ou mediar com a vida, é isso e estamos conversado, não curtiu, não deu like? Cancelamos, você.
Essas questões são minhas indagações diárias, especialmente no momento de tantas rupturas, individuais e/ou coletivas.
A Egolatria atingiu a todas e todos, bem antes da Pandemia, aliás, esta, pode nos permitir certo tempo para pensar sobre o que somos e o que temos feito a nós mesmos e àqueles que nos circundam.
Conseguiremos?
#Somostodosnósmesmos!