A fome fascista não tem limites.
Esse reflorescimento do Fascismo ganhou impulso depois da crise mundial de 2008, quando o Estado mais uma vez salvou os bancos e empresas, criou mais bilionários e excluí de forma cruel os milhões de trabalhadores. Esse era o campo fértil para as ideias arrivistas, contra Política e a Democracia, e ela começou a ganhar corpos e mentes.
As primaveras, as jornadas se alastraram no mundo entre 2010 e 2013, como reação aos políticos, ao estado, facilmente foram capturadas para o oposto de uma ideia revolucionaria, se tornaram essencialmente reacionárias, seus efeitos no Brasil, se refletiram nas eleições seguintes, 2014, o golpe de 2016, chegou ao auge em 2018.
O Brasil votou contra Democracia, quis como presidente um declarado inimigo da Democracia, que se identificava com a Não Política, contraditoriamente, Bolsonaro era um político com SETE mandatos medíocres no congresso. Seus filhos, todos políticos e com mandatos.
Ele se notabilizava pelos atos bizarros, fazia apologia à Ditadura, à tortura e que sempre disse que não gostava de Democracia, de Estado Democrático de Direitos, Política e que não tem nenhuma urbanidade e civilidade. Empatia social ZERO. Mesmo assim, se elegeu,
O Lumpenzinato Digital venceu, uma horda de gente sem nenhuma civilidade tomou conta do debate nacional, via o palanque da redes sociais, se aproveitaram das franjas de disputas democráticas, vitaminadas pela escandalização e uma clara orientação midiática de ódio ao PT e a esquerda.
A mídia e sua cruzada de ódio ao PT, associada e impulsionadora da Lava Jato, for fundamental para tirar do esgoto todos essa gente doente, com esses sentimentos de ressentimentos e violência social, um furor irracional, anti-democrático.
Os exemplos são infinitos, difícil escolher um só, nas manifestações de ontem, 19.04, levantavam faixas AI-5 Já (sem vírgula), pedindo intervenção militar, ao mesmo tempo gritavam em Fortaleza: “Camilo, ditador, não nos deixa protestar”. (oi?)
Na esteira de seu ídolo, o Zé-ninguém feito Presidente, de quem nos fala Reich, que prega o sentimento de ódio e é isso o que os move.
Pior, chegaram ao governo central, sem projetos, sem nada, apenas destruir o Estado, rapidamente começaram a criar novos inimigos, inclusive entre seus fiadores, como Rodrigo Maia, Dória, parte do STF, que foram coniventes com essa horda, se aliaram a ela, agora, que não servem mais ao propósito, serão devorados por ela.
As movimentações do domingo 19/04 indicam que Bolsonaro, sua família, e a ralé que o cerca, querem SANGUE, pouco se lixam para pandemia, que pensam se tratar de parte de um golpe comunista contra ele. A paranoia coletiva é o que os tornam forte e perigosos, o risco de um golpe, ou de uma guerra civil nunca esteve tão presente.
Todos os alvos deles: Congresso, STF, Governadores, Esquerda, OAB, não podem apenas ficar fazendo nota de repúdio, não há como evitar um confronto, eles querem e impõem uma agenda de guerra, não aceitam “flores”, todas formas de criar contra peso, até então, não deram resultado, é hora de ir mais fundo no embate, o chamado é a resistência ao Golpe.
Sem isso, assim como foi no Golpe/impeachment, eles vão fechar tudo e a barbárie se instalará de vez.
PS: Apontamentos sobre o Fascismo:
- O Fascismo é, antes de tudo, um estado de espírito (ou de ânimo), ele é, primeiro, emocional, está no inconsciente, ali meio escondido, sempre ameaçando se revelar, nos denunciar, está presente nas nossas conversas privadas quando falamos de sexualidade, futebol ou religião, ou quando nos acerbamos nas relações conflituosos de uma sociedade cada vez mais paranoica, em especial nas redes sociais em que os baixos instintos prevalecem, em detrimento da lógica e da razão.
- O Fascismo se instaura lentamente, ganhando corpo e almas, aos poucos, não é uma coisa imediata, é resultado de um estado de coisas. Nas crises econômicas, ele explode e se torna força social viva e visível, pois nessas condições se eleva o nível de frustrações pessoais e as ambições (pessoais ou coletivas) deixam de ser satisfeitas ou ficam distantes de serem atendidas.
- Essencialmente o Fascismo é filho do (Neo)liberalismo, é a cria nascida das entranhas da exclusão econômica e política de amplas massas, a máxima concentração de renda. O Estado que não responde as demandas elementares, pois a lógica central é não intervir, a “liberdade” para poucos, com acesso a todos os recursos e o Estado a lhes servir.