“O Trabalho Empobrece o Homem” (Piada interna no antigo trabalho)
Nunca se teve tanto tempo para se descansar e dormir, no entanto parece que todos estão mais exaustos pelo descanso excessivo.
Qual a razão para essa enorme contradição que a quarentena/isolamento social veio a expôr?
A sociedade do trabalho (e do Capital), que impõe uma rígida rotina de presença em fábricas, escritórios, bancos, lojas, supermercados, escolas, transportes, bares, cinemas, restaurantes. segurança, até na busca de emprego. Enfim, em todos os campos da vida jamais se para, vive-se no limite da exploração e do desespero, o tempo é sempre exíguo, estressante, as exigências propositais são fundamentais para que não haja chance de se pensar e refletir.
Essa lógica de viver e correr, principalmente nos centros urbanos que concentram mais de 70% da população global, criou toda sorte de doença, provocadas pelas necessidades “produtivas”, de se tornar “produtivo” e capaz de exercer um ofício, qualquer um que seja, do presidente da empresa ao faxineiro, todos são moídos pela máquina de gerar capital.
A Pandemia do coronavírus pôs abaixo esse modo de vida, de repente é dito para maioria : #Fiqueemcasa. Não por uma opção consciente, mas por uma necessidade urgente, ou isso, ou a morte.
Todo o treinamento para se condicionar diuturnamente as pessoas para que se vivam aceleradamente, sempre alertas, disponíveis, sorridentes, “felizes”, caí por terra. E vem uma contra-ordem: Desacelere.
Uma grande parte das pessoas, para além da questão do emprego, sobrevivência, não consegue assimilar uma interrupção tão brusca daquilo que ela é sua razão de vida. pois nasce, vive e morre, pelo Trabalho.
O desespero do cérebro treinado para responder positivamente à ordem de trabalhar, produzir e seguir à risca ao mando, ao chicote, aos horários e as metas, então, entra em conflito, com um novo ritmo, ainda que seja temporário, o não ir trabalhar no dia seguinte, ou trabalhar de forma diferente, afeta, cansa, estressa, tanto ou mais que a rotina anterior.
Como será o mundo do trabalho (e do Capital) depois dessa parada geral? Qual a lógica que irá prevalecer, visto que a produção de riqueza mesmo afetada, não precisa de todo aquele ritmo louco?
São questões que vão incomodar muito, nos próximos meses e anos.