“I don’t care if I know
Just where I will go
‘Cause all that I need, this crazy feeling”
(City of star – Benj Pasek / Justin Hurwitz / Justin Paul)
Lá se foram 17 meses, 510 dias, a vida seguiu e é essa a verdadeira dinâmica da vida, os acidentes e as tragédias ficam circunscritas às famílias e ou as pessoas bem próximas. E isso é o que importa.
Nada altera a paisagem geral, nem um segundo de dor ou silêncio.
Ao contrário, relembrar e reviver o que vivemos parece magoar quem está de fora, estranho como incomoda falar de morte e do sofrimento causado por ela. Entendam, nesse mercado de sentimentos, suas mazelas não podem ser ditas, pois a fraqueza é vista como derrota, guarde para si, ninguém curte perdedor (a).
Sutilmente alguns dizem, “seus escritos não libertam sua filha e nem a você. Profundo não?”. Ou, “pare de choramigar, ninguém aguenta, mude o disco”.
Fácil, não leia, esqueça minha (ou a nossa existência).
O diálogo aqui é com minha consciência, uma forma de racionalizar o que aconteceu, aceitar nossos limites e aprender a conviver com algo que não mudará nunca.
A crueldade exercida em determinadas situações apenas serve para que você se sinta mais isolado e triste. Nenhuma vez pedi a qualquer pessoa que sofra o que sofro, ou que sinta aquilo que é próprio de quem é pai, mãe, irmão, aos demais talvez uma empatia.
De certa forma ser livre de amarras religiosas, de fé, me ajuda a entender esse comportamento mesquinho e pobre, de que oferecer carinho não é ato gratuito, tem que haver alguma paga, ao que exige o crente e o cheio de fé oca. Nenhum interesse em amizade, contato com quem não tem o minimo de calor humano.
Dias amargos, isolamento, quarentena, vão minando e abalando suas energias, pensar e escrever, me alimentam, ainda que ofendam o vendedores de simpatias.
Saudades, filha. De tudo, tudo…O resto é silêncio.