“Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você” (Para Além do Bem e do Mal – Nietzsche)
Há no ar um cheiro de desgraça, irrespirável tragédia, talvez seja apenas meu estado de ânimo, ou a situação geral do país que caminha para um caos total. O abismo olha para todos nós, ano passado olhamos para ele e demos mais um passo adiante e decisivo, tudo agora são consequências de uma irresponsabilidade coletiva, um transe, que nos levou a um caminho sem volta.
É fato que não precisava de muitos neurônios para saber diferenciar o que estava em jogo, quem era quem, o que poderia acontecer na péssima escolha, por outro lado, não tem como alegar qualquer desculpa, de que não imaginava quem era a coisa, a escolha foi consciente, comemorada, com arminhas e tudo, com muita mamadeira de piroca.
O pesadelo em que se vive parece continuar, a maioria não se deu conta, ou simplesmente finge que não sabe, nem sentem responsabilidade pela tsunami de horrores. Preferem culpar os outros, suas falas não demonstram que acordarão tão cedo, a alienação vai transmutando de um horror para outro, basta ver os que despontam para as próximas eleições.
Essa imensa Merda ambulante do país se entrelaça com as nossas micro tragédias do cotidiano, de cada um de nós, quer seja pelo desemprego, quem sabe pela uberização, ou pela falta de perspectiva de futuro, como também pelas perdas de nossas vidas, de amores, dores, mortes, criando um caldo de cultura único, difícil de enfrentar, de manter a cabeça erguida e viver com alguma dignidade.
Uma grande reflexão se faz necessária para um país que foi mergulhado na idiotia, que beira à loucura, como as imagens da “marcha” batendo de gente verde-amarela batendo continência para uma cópia da estatua da liberdade, símbolo de um loja brega, cujo dono é o reflexo de empresários que se alimentam do Estado e gritam contra o Estado, usando de poder econômico para arregimentar uma manada em transe.
A questão não é moral, está mais para uma questão médica, um tratamento psiquiátrico, pois a psicologia não dará conta de tanta estupidez, talvez um programa “meu tarja preta, minha vida”, seja uma boa saída.
Uma doce ironia é ver o sonho de que se tirasse a Dilma, tudo voltaria ao normal, o Dólar cairia pela metade, hoje bate recorde, R$ 4,20, para o desespero e destempero dessa manada perdida.