“Sonhos e fantasias, quando se tornam realidade, são decepcionantes” (Amos Oz)
Vi dois filmes lindos, Desobediência e De Amor e Trevas, com temática e ambientado na comunidade judaica, o uso do hebraico, uma língua de uma sonoridade estranha e bela, os cantos, as lamentações, uma mistura de dor e elevação, contagiaram minha mente, nesse momento particular de minha vida, de uma busca interna, de conhecimento e da profunda incerteza com a humanidade.
O pouco conhecimento sobre culturas ricas e milenares, como a judaica, provam como somos limitados, quer por conceitos ou preconceitos, por vezes apenas pelo acesso limitado a essas culturas, seus costumes, religião, sua história, sem os estereótipos comuns e clichês. Ao mesmo tempo, essas explicações não justificam a minha falta de curiosidade e isso parece grave.
O estranhamento causado em cada um dos filmes, passa pela completa submissão às imposições prévias sobre a sociedade ocidental, em que vivemos e consumimos como um padrão quase único, sem crítica e aceitação tácita, como se só isso existisse. Mesmo para mim que razoavelmente estudo e interajo com outras culturas, bem diferentes, algumas com alguma profundidade.
A curiosidade de descobrir/conhecer na literatura, desde muito cedo, fez parte do que fazia, perdi ao longo dos anos, como se já “soubesse tudo”, a pior coisa que a arrogância nos traz, aí nos torna preguiçosos e sem tesão para algo novo e surpreendente. Em outra mão, o tempo que nos resta, é bem menor do que se precisa para mergulhar em novas culturas, talvez apenas na superfície, na ignorância comum.
Na quadrada da vida, nem sei lá se vale a pena, conhecer qualquer coisa nova, sem desfrutar de forma plena, essas duas tendências, têm lutado dentro de mim. Aliás, tudo parece que vai ficando pelo caminho, o medo de que o sentido das coisas, principalmente as novas, não tenham tanto sentido.
A frustração é a palavra que melhor define quase tudo o que tento empreender, fazer, trabalhar, elaborar e/ou participar, aqui não se trata de pessimismo, ou em razão de derrotas, pouco se vence na vida, algumas boas vitórias, e outros, nem isso.
Trata-se, portando, apenas ser uma constatação ruim dos limites (os meus), impostos ou não, por minha mente, ou pela disposição corrente. Tenho tentado aprender a conviver com esse novo eu.
Ver filmes, distantes do que tenho visto, aguçaram essas reflexões, nem deu tempo de dizer como são belos e como vale a pena vê-los.