1566: Por que Caímos? A Economia (Medo) Venceu a Política (Esperança).

O Mais importante partido da história do Brasil em momento de reconstrução.
“Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para”
(O tempo não para – Agenor De Miranda Araujo Neto / Arnaldo Brandão)

Num debate no facebook acerca de uma postagem em que comparava a atitude de Lula ao do mitológico Prometeu, num trecho escrevi que ele “governou para os pobres e não era servil ao Kapital”, um velho e atento camarada, atalhou, “exagerou na dose”. Respondi, “a águia devorar o fígado de Prometeu, você acha normal, né?” Dali surgiu o debate sobre as razões da queda do PT do governo.

Lembrei que já fiz esse debate, sinteticamente, resumo na seguinte afirmação: Depois de 2008, o Kapital precisa das migalhas, para garantir a recomposição do taxa de lucro. Essa é a razão fundamental da queda, o velho estado de bem-estar social, é um empecilho ao que o Kapital precisa. O projeto do PT, se inscreve nessa lógica, qualquer política que não vise diretamente à taxa de lucro, será combatida, sem fronteiras e sem nenhuma trégua.

Vale um pequeno retrospecto, para não se perder de vista, as questões centrais da queda, sem ficar no autoflagelo ou transformar em muro de lamentações.

Em janeiro de 2011, quando Dilma assumiu, as cobranças eram por mais avanços, poucos se davam conta que a Crise de 2008, tinha aportado no Brasil, o marco dela, foi o decreto de agosto de 2010, em que Lula congela os concursos públicos e contingenciou 80 bilhões (50 bilhões de dólares).

Em 2009 houve uma taxa recorde de formação bruta de Capital, ou seja, investimentos produtivos, o resultado foi um crescimento chinês, em 2010. O estado brasileiro foi o patrocinador, indutor desses investimentos, numa crença de Matenga-Lula de que a crise seria passageira, que a Europa e os BRICS fariam o contraponto aos EUA, um erro grave de leitura, mas que não deixou o Brasil cair, naquele momento.

A ficha caiu na metade de 2010, quando os EUA mudou o curso dos investimentos e fez o movimento de atrair para dentro dos EUA o Kapital que ele inundara o mundo em 20 anos anteriores, houve a inversão de rumos do Dólar, as grandes empresas dos EUA, passam a trazer de volta novas fábricas, empregos e um novo crescimento, contando com as generosas taxas de juros do FED.

Dilma assume com o compromisso de pousar a nave de forma suave, o que explica uma série de políticas e medidas de economia, diferentes de Lula, o cara que expandiu a economia. A conta e o ódio, inclusive da esquerda foi canalizada contra Dilma, pois raramente percebemos os fundamentos da Economia Política, apenas a sua aparência.

Naquela época as primaveras derrubaram governos e regimes, sempre me perguntava por que demoraram tanto a chegar ao Brasil? Talvez o tempo de preparação fosse maior, pois a economia ainda tinha fôlego, e as políticas compensatórias continuavam firmes, o salário mínimo crescia, a taxa de desemprego eram baixas. Entretanto a queda da taxa de juros, atiçou de vez o ódio do Kapital, não havia mais espaço para qualquer política econômica alternativa, a virada se dá em final de 2012 e início de 2013.

Junho de 2013 é o marco da queda, do ponto de vista político, na economia, já estava em queda há 3 anos, a classe média sentia que seria esmagada, pois apenas os dois extremos, os pobres e as grandes empresas, tinham efetivamente voz e atenção do governo.

Então, com uma ardilosa campanha midiática, em redes sociais, o humor virou de forma rápida, sem que o governo tivesse tempo de reagir. Colou a “corrupção” no governo de forma indelével, justamente os governos que mais tinham combatido a corrupção.

Embriagados pelo sucesso, a pouca disposição de Dilma para dialogar/ouvir combinado com um distanciamento das bases e graves problemas de comunicação. Até mesmo em São Paulo, Haddad, recém-eleito, não fez a leitura do que estava por trás daquelas manifestações massivas.

As razões foram objetivas, a pouca resistência, abriu amplo flanco para rápido crescimento da Extrema-Direita, não deu tempo de vencer em 2014, entretanto, não houve governo, a queda foi lenta, feita para sangrar, desmoralizar, o sentido era destruir o PT, a maior identidade da esquerda no Brasil.

Foram quatro anos terríveis, de recuo, medo, a facilidade da prisão de Lula, fechou a porta para reação, a vitória de Bolsonaro, acabou sendo uma derrota, não apenas do PT, mas da Democracia e da Política.

Hoje, parece que tudo virou apenas história, não bem contada, muitos de nós fica na expiação judaico-cristã, sem ir ao centro do debate, até para preparar para um novo ascenso, pela dinâmica da luta de classes, a história não para e não acaba, só para quem deixa de lutar.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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