Tocar em Frente…Como?

Ah, como dói a saudade…

“Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora”
(tocando em frente – Almir Sater/Renato Teixeira)

Eis que abro o instagram e vejo um conjunto de fotos sobre o dia da (o) irmã (o) postadas por minha filha, Luana, com uma declaração de amor para sua irmã, Letícia, que não está mais conosco. Estava no trem, lotado, voltando de um dia caótico em São Paulo. Desabei a chorar, bateu forte, as cenas delas em vários momentos de suas vidas, suas trajetórias, antes da tragédia que caiu sobre nós.

Por mais que tente me manter firme, forte e que esteja seguindo em frente, aos trancos e barrancos, é muito duro me deparar com as fotos, ali com a sorridente Letícia, a impotência que sinto, nada mais posso fazer, apenas viver nessa saudade sem fim, sem esperança de um dia encontrar alguém e abraçar, fico imaginando um último abraço, uma só palavra de amor, que não mais ouvirei…

A dor e a tristeza vão se misturando e os empurrões recebidos no trem cheio, distraem, as lágrimas descem e cessam como tantas outras vezes, a garganta tem um nó,

O implacável destino nos roubou a felicidade para sempre, alguma alienação é necessária e se vai enganando a dor, por algumas horas, para que a dura realidade não machuque tanto, os abalos acontecem em momentos assim, testam a nossa força, para que a consciência viva de que não há fuga para o que verdadeiramente sentimos e o gosto de lágrimas que banham o rosto, possam nos redimir.

Os rostos desconhecidos não imaginam o que se passa, ninguém pergunta, ou melhor fingir que não viu, ver um “homem chorar” parece muito estranho nesse mundo insensível, pois a dor alheia, não nos diz respeito, nem mesmo ao mais próximos interessa, a dinâmica da vida faz que cada tragédia, pessoal ou coletiva, fique apenas datada e tudo segue infinitamente.

É assim, e ficamos, bem (ou não), noutra vez, quem sabe um lenço seria mais adequado, para enxugar discretamente.

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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