Arnobio Rocha Diário de Redenção O Grande Impasse da Vida

1507: O Grande Impasse da Vida


Falta a escada…

“Vai-se-me em névoa o mundo. Emanações subtis
que exalais, vem tornar-me aos anos juvenis.
Que imagens que trazeis de dias tão risonhos!…
Caras sombras! sois vós? aéreas como em sonhos?” (Fausto – Goethe)

Ainda nos resta um último fôlego para aguentar um novo mergulho, nas águas turvas de um rio incerto, uma pena que não seja no rio Letes, cujo retorno à superfície, nos livraria de todas as memórias, boas ou ruins. Assim, nos libertaria de nossas maiores e pesadas agonias, dores, pois, em essência, é a consciência o que mais machuca o ser humano,

Parece muito óbvio que, não tem a ver com águas, limpas ou escuras, mas com  a psique completamente embaralhada, anabase e catabase, já não trazem respostas, descer e subir, pouco importa,o que de fato incomoda é mesmo continuar no limbo emocional, na incurável dor da perda, irreparável, o que sobra pouca vida, como numa réstia de sol poente.

Os raios do deus de brilho intenso, ficou eclipsado pela pequenina lua, a partida de Letícia, nos faz vivem no outro lado da lua, sem luz, cor ou arte, um vazio existencial, que apenas insisto em fingir não viver, alienar-me de mim mesmo, recriar de nada, um ser que se perdeu, morreu seu brilho pessoal, intelectual, nada mais permanece, exceto, a teimosia de seguir, mesmo sem saber para onde.

A contemplar o nada, ou infinito, que na verdade é o vazio, talvez melhor, o esvaziamento de nossos melhores sentimentos, a reflexão torta sobre algo que, contra nada se pode fazer, pois “daquelas terras, alma nenhuma voltou“, como bem observa Hamlet, é o que nos paralisa, consome nossas forças e fé, ainda que não tenha se tenha fé.

O embrulho no estômago, maltrata, em certa medida, impede de que a racionalidade prevaleça sob a dor, a razão vença a emoção, uma luta sem a certeza de que tenha um vencedor, daí o escapismo do Letes, vira “solução”, assim como a religiosidade, a crendice, sem menosprezar nenhuma das saída, pois, nem saída enxergamos, tateamos no escuro, sem achar o interruptor, nem lanterna.

Que venha a luz, era o desejo último de Goethe, é, assim, também, o nosso: Queremos Luz!

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