Parece que há um consenso geral de que é preciso pensar fora dos domínios, das certezas, das correntes, que sintetizar como sendo “pensar fora da casinha”. Ora, isso dito, mas quando nos aproximamos para verificar a verdade, não é o que parece, tente inovar, misturar referências estações, logo será estigmatizado, além de ser isolado de qualquer debate “sério”
É quase um crime hediondo, pensar. Pensar diferente, é pena de morte. O lugar comum, da necessidade de sair da casinha, morre, na primeira ideia, fora dela.
Como nos quase dez anos desse pequeno blog, esse que vos escreve, sempre buscou a ruptura geral, de que não se pode ficar presos as fórmulas, ainda que compreenda, dialeticamente, que não é um simples exercício de negação, o que seria facílimo, para aparentar ser “diferentão”. Aqui, se prática a negação, mas procuramos uma nova síntese, pois as ideias que defendemos, precisam passar pelo crivo da crítica de validade.
Muitas vezes percebe-se que o rechaço ao debate, ou interação, deve-se a uma característica comum a todos nós, apenas ouvir os que se sabe, antes de nós, ou alguns poucos incensados, os demais, são legaizinhos, mas não têm o mesmo rigor, foda-se.
A nossa carga genética, inconsciente coletivo, aquilo que está gravado em nossas mentes, que repetimos, sem nem sabermos por qual razão, nos garante um acúmulo, mas não a superação deste. Entretanto, esse mistério do não saber, de onde vem tais e tais comportamentos, padrões, é que nos proporciona a mais original das características humanas, a curiosidade.
Saber sem curiosidade, é repetição, sabe-se na superfície, mas não a essência. O mergulho profundo, a busca de luz, do fogo de Prometeu, é que torna a humanidade, alguns pontos acima, de nossa natureza animal. Tanto é que algumas vezes essa massa disforme opta pelas trevas, a tremenda escuridão, sem nenhuma lógica que possa explicar, como fomos tal alto, sofisticados, aí descemos para fundo poço, hoje, o volume morto.
A Grécia antiga, meu ponto de partida, com todo esplendor atingido, numa época tão remota, foi tragada pela barbárie, a volta daqueles valores por Roma, depois mais uma escuridão até o renascimento, nova queda e derrota para mediocridade da inquisição. A riqueza de Goethe, sendo devastada pela selvageria nazista. As conquistas civilizatórias, agora sendo destruídas por um nova onda de escuridão.
Manter a chama acesa, a luz, nesses momentos de sombras, longos ou curtos, é o que nos cabe, reviver os clássicos, alinhavar com novos, não temer ler a Ilíada ao som Charlie Parker, ou descer ao Inferno de Dante com trilha do Pink Floyd, quem sabe combinar John Milton com Led Zeppelin, ou Fausto com a força de Janis Joplin, com ou sem filtro, mixar num novo cérebro.
A potencialidade humana está em não aceitar limites e regras, ou vê-las como postas, que não possam ser bagunçadas. A correia de transmissão é consciente coletivo, que vem de Homero à Roger Water, passando pelas tintas de Van Gogh, pelas verdades oníricas de Dali, ou na poesia de Ovídio, o homem encontrou consigo mesmo em Shakespeare, por que aprisioná-lo de novo? Por que não dançar livremente como Madonna ou de Prince?
Essa bagunça, é nossa libertação.
A pior treva parece ser agora… apagaram a luz de propósito.