A famosa cena de Casablanca, vem à mente quando lemos que Ciro está em Paris.
Infelizmente nós não teremos Paris, nossa realidade é bem outra, mesmo com a sombra do fascismo de antes, que marchou sobre a cidade da luz. Para 99% dos brasileiros, sempre teremos Capão Redondo, Rocinha, Pirambu, Cabula, Brasília Teimosa, as mazelas do país que por alguns anos ousou enfrentar a miséria, ter dignidade e futuro.
Ciro Gomes fez uma bela campanha presidencial, levando esperança, discutindo projetos, enfrentando com altivez os adversários, colocando-se como uma alternativa viável de diálogo e angariando apoio nacionalmente, conseguiu 13,3 milhões de votos.
O campo de centro-esquerda esteve representado por Ciro, Haddad e Boulos (mais à Esquerda), juntos tiveram uma ampla votação nacional, o que encheu de esperança as classes populares de que havia chances de enfrentar de igual para igual, as trevas das fake news, do candidato fujão de extrema-direita.
Porém, em pleno embate, com as ameaças veladas à vida de militantes, alguns já mortos de forma covarde, outros tornados alvos da ira fascista, Ciro Gomes, se afasta do Brasil, cansado, abatido ou decepcionado por não ir ao segundo turno.
A campanha propositiva, do resgate dos mais pobres, limpar o nome do SPC, de ser uma terceira via, sucumbiu ao cansaço? Aquele povo sofrido, dos confins do Brasil, nunca terá direito a Paris, muito menos uma Paulista, Leblon, Ondina, Aldeota ou Boa Viagem, se a cada embate, nos vencemos pelo cansaço ou desprezo pela disputa?
O Brasil precisa de Ciro Gomes, aqui, hoje, não o Ciro 2022, nem que seja por cinco dias finais, ao lado de Haddad, na resistência ao grande mal que nos espreita, que ameaça diretamente a nos prender, expulsar ou matar quem não gosta do Capetão.
É a hora dos grandes homens e mulheres, dos grandes gestos, não de ir a Paris.