“O que foi, torna a ser. O que é, perde existência.
O palpável é nada. O nada assume essência”. (Fausto – Goethe)
Ora, quando se tem 9 ou 10 anos, ao acabar uma Copa do Mundo, pensamos que está longe e como demorada será para chegar a próxima, pois, 4 anos é metade do que vivemos e custou o dobro de vida, entre a passada e essa que acaba de terminar, o sentimento é de desolamento, quase aflição, como consumiremos os dias até a abertura dos novos jogos.
Mas olha-se para frente com a certeza de que se terá uma nova Copa e estaremos vivos e felizes por uma nova emoção, quem sabe a paquera dessa copa, não se torna a primeira namorada na próxima?
Em outra mão, ao se ter 49 anos, a copa de hoje é sofrida, ou comemorada, como apenas mais uma, a incerteza é saber se estaremos bem na próxima, que vida teremos nos próximos quatro anos, assustados porque foi tão rápido o tempo entre a copa passada e essa, que mal percebemos quão veloz ela chegou, e mais veloz terminou, um piscar de olhos, se foi.
Nessa idade, já sabemos que em breve teremos uma nova copa, que tantos nós como esses jogadores já se foram, o tempo é cruel, nem 10% de vida, vivemos entre os dois eventos, e nos pegamos comemorando qualquer coisa, até um brasileirão falido.
A vida de hoje, a saúde, o trabalho, o amor, se tornam várias incógnitas, se até lá, ainda que tão perto, afinal o que são quatro anos, para quem tem 49 anos, teremos alguma dessas coisas, pois perdemos tanto desde a Copa passada.
O tempo é nosso senhor, dele somos escravos, quando se tem 9 anos, a tristeza de uma perda de copa é terrível, dolorido e intenso, pois precisaremos de um tempo tão grande para sonhar com uma Vitória no próximo momento, tão longe, distante de nós.
Ao contrário, com 49 anos, nem perceberemos o que foi a derrota, a vida já nos deu vitórias e derrotas, que a indiferença e o cinismo, tomou conta de nós.
Assim foi no Japão-Coréia do Sul, depois Alemanha, África do Sul, Brasil e Rússia, em breve ou longe, será o Catar, novos olhos e novos sonhos, por um mês que marcará mais uma vez a vida.