Vou poupar os que não querem saber de Copa ou da Seleção: Vou assistir a Copa e torcer pela Seleção, esse texto é sobre a paixão por copa do mundo, futebol e seleção, independente do regime e do que acontece no mundo. Alienado e consciente do que sinto, é irresistível.
Um nova copa do mundo de futebol se aproxima, como em várias vezes no passado, e até recente, como em 2014 “não vai ter copa”, há uma grita se vale a pena torcer pela seleção brasileira. Agora, por estarmos mais uma vez vivendo sob uma Ditadura, na de 1970 aberta e declarada, nessa outra, mais sútil e com aparência de que “as instituições continuam funcionando”.
Bem, vou falar por mim: Vou assistir aos jogos e vou torcer pela seleção brasileira, sem nenhum tipo de pesar, ou reserva. Amo futebol, gosto muito do Tite, aqui é uma identidade pelo que fez no Corinthians e pelo tipo de proposta, mas em 2002, torci muito com Felipão e sua identidade palmeirense. Mas a questão é essa, torço pelo selecionado brasileiro, não vou pensar e elucubrar muito, é paixão.
Óbvio que não vestirei o verde-amarelo por conta da idiotia dos últimos anos e a identidade da camisa da CBF com todos os trogloditas que estavam na Paulista, ou em Copacabana, isso matou o meu amor pelas cores, pelo hino, mas não morreu o meu tesão pela copa e pela seleção.
Lembro que desde 1978 tenho a copa como algo especial. Na época, eu com 8 para 9 anos, assisti integralmente a copa da Argentina, lembro da TV sem cores, preto e branco, pequena, com falhar, chuviscos, o bombril na antena para melhorar, nem sempre via os gols, mas aquela foi uma experiência marcante. Nunca esqueci daqueles gols, Nelinho e Dirceu, da virada contra a Itália pelo terceiro lugar. Nem entendi direito o Peru x Argentina.
A Copa de 1982 foi a melhor e mais espetacular que vivi intensamente, os meus 13 anos, uma seleção especial, Telê e os craques de 1 ao 11, ainda que Falcão jogasse com a 15. Outras vezes escrevi sobre a “copa que nunca acabou” ou quantos sonhos/pesadelos o Brasil passava pela Itália.
Passe 20 anos para voltar a vibrar com a seleção, em 2002, na maravilhosa copa Japão-Coréia do Sul. E levei mais 10 anos para esquecer o 5 de julho, pois em 2012, o Corinthians venceu a Libertadores, a pouco minutos do dia 5 de julho. Incrível essa data, meu velho pai se foi num dia 5/7.2016, mas isso é outra história.
Tite tem muito a ver com essa superação desses traumas, o “padre” vi mudar radicalmente a si, como o meu time. Ele montou uma bela equipe, que pode nem ser campeã, mas devolveu o respeito depois do trágico 7 x 1. O que não é pouca coisa.
Vejo os jogos da seleção com prazer de quem ama futebol, não tem premier ligue, ou liga das estrelas, que me deem mais vontade de assistir do que os jogos atuais da seleção. Extremamente organizada, objetiva e letal, tem sido a rotina depois de Tite. O que espero mais um vez ver na copa, jogo coletivo, com os craques brilhando como nunca.
A copa na Rússia me remete aos jogos olímpicos de Moscou, em 1980, uma doce lembrança, também.
Sem verde-amarelo, sem camisa da CBF e sem dividir torcida com coxas, golpistas, pato e paneleiros. Vou torcer e tentarei assistir a todos os jogos, como fiz em 2014, mesmo naquele ambiente hostil.
#VaiBrasil
Ah, também vou acabar torcendo. Que nem 70, jurei que não e no primeiro gol nosso sai pulando.