A queda da UE, pelo menos daquilo que se pronunciou ao mundo como projeto de uma Europa unida e única nos parece evidente. Analisamos a questão da UE longamente durante a série sobre a Crise 2.0, que foi transformado no livro Crise 2.0 – A Taxa de Lucro Reloaded, naquela época identificamos que a Crise Econômica que assola o velho continente fez baixar muito às expectativas da outrora União.
Sob o domíno ferrenho da Alemanha, com Merkel se comportando como voz única, em que humilha e passa por cima de todos os outros membros, a UE caminha a passos largos para ser um “Aborto”, não se consolidando como União Política, se restringindo apenas as questões econômicas, um bloco econômico em torno da poderosa máquina alemã, cabendo aos demais países o papel meramente coadjuvante, quando não capacho dos desejos de Berlim.
Em meio a esta crise, que já se arrasta por longos 7 anos, aqui cabe relembrar como definimos o momento da crise, não quando ela se torna vista ao público. Assim como mostramos que os EUA entraram em Crise em 2005, o ápice da superprodução ( auge de preços de produtos, salários e empregos), no caso da UE, o auge deste movimento do Kapital se deu em 2007, mas a explosão “visível”, apenas em 2009. Nestes últimos sete anos a economia patina, exceto Alemanha, o continente mergulhou na escuridão.
Países conhecidos como PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), entraram em colapso, do ponto de vista do “padrão europeu” e seu marco regulatório de saúde financeira, nenhum deles poderia continuar a participar do bloco econômico. Por uma manobra política da Alemanha e França, aqueles países foram submetidos a uma situação vexatória, com imposição de medidas econômicas humilhantes impostas através da Troica (BCE, FMI e Comissão da UE).
Toda a sorte de ajustes e dependência completa da Alemanha, em particular, criou um ambiente terrível politicamente, o que se reflete na atuação renovação do Parlamento Europeu, um verdadeiro desperdício de energia e dinheiro, diria mais, uma farsa política, a autonomia é próxima a zero, ali apenas se cumpre os caprichos e desejos dos bancos Alemães e Franceses, que falam pela voz de Ângela Merkel, que tantas vezes impôs o que quis ao parlamento e ao comissariado europeu em Bruxelas. Nada se vota que não seja sob o controle destes senhores, nada, o que o desmoraliza como “poder”.
Os números de eleitores nos PIIGS refletiu a crise, a baixa adesão a descrença completa, o que é pior, as “forças” eleitas majoritariamente ao Parlamento acabam por expressar este desconforto geral com a UE. A Direita européia sob o abrigo do PPE venceu as eleições reforçados pela Extrema-direita, que teve enorme votação na França, com o dobro dos votos do PS de Hollande, se somando ainda as forças dos eurocéticos. Ao que pese a votação majoritária da centro-esquerda (40%) na Itália, os bufões “apolíticos” do M5S ,de Beppo (Bicho) Grillo, obtiveram quase 26% dos votos, um assombro, imagine um partido liderado por “Sergio Malandro” com tantos votos.
Na Alemanha, Merkel e sua CDU elegeu a maioria dos deputados, seguida pelo SPD. Em Portugal houve um quase boicote, apenas 34% dos eleitores foram as urnas, com vitória do PS, a direita que dirige o país sob às ordens da Troica vai mal das pernas. A grande surpresa vem da Grécia, com a vitória da Syriza, um agrupamento de esquerda muito parecido com o PT, eles derrotaram a Nova Aurora, a extrema-direita e Direita( Nova Democracia) que hoje dirige o país, é a melhor notícia desta eleição. A Espanha dos “indignados” mais uma vez deu a vitória à Direita franquista de Rajoy, com uma melhora do combalido PSOE, na verdade perdeu menos cadeira do que o PP, no parlamento europeu.
No conjunto geral a Direita vai “governar” o Parlamento ajudada pela extrema-direita e eurocéticos, um quadro bem diferente do que imaginavam os “patriarcas” da UE, que esperam que neste ano fosse a consolidação definitiva rumo à união política, muito além do bloco econômico, mas o que se nota é uma Europa sem identidade, sem perspectiva política, a Crise do Kapital continuará dando a dinâmica do bloco, ou seja, em nada lembra os festivos anos da virada do milênio. A saída da UE, é o que nos parece, será um novo acordo geral com os EUA, uma injeção de Kapital, para salvar o Kapital.
Acompanhemos.
Os eurocéticos de direita têm a maioria…
um perigo para o mundo esta mudança. Não porque a Europa seja a queridinha. Mas, pela ascenção dos partidos de extrema-direita e direita, bem como pela consciência de uma crise, que pode justificar o surgimento da política de espaço vital. Esta política teria grande apoio popular, fazendo crescer perseguições a negros, migrantes de países pobres em geral, especial latinoamericanos e muçulmanos. Seria o pavio de grandes caçadas racistas e fascistas.
E ainda poderia significar um modelo a ser tomado pelos países pobres, alguns dos quais em pleno retorno às superinflações e desemprego em massa.