Arnobio Rocha Crise 2.0 Ucrânia: Bem-vindos ao Passado.

1043: Ucrânia: Bem-vindos ao Passado.

A ilusão da Unidade Perdida

A ilusão da Unidade Perdida

O golpe de Estado na Ucrânia((À Busca pelo CAOS , Golpe de Estado na Ucrânia, O que virá depois? ,  A Luta entre os Fascistas pelo Poder na Ucrânia e Os Ventos da Ucrânia: Golpes e Fascismo.) pode ter consequências muito maiores do que apenas um bando de fascistas assaltando o poder local. Ao sul, a Crimeia, uma região fundamental para o controle de Mar Negro, mesmo com o fim da antiga URSS e o domínio da Ucrânia, esta região ficou como autônoma e a cidade de Sebastopol tem uma população de quase 70% de origem russa, com a língua oficial é também o russo, a identidade é com a cultura russa. Mas o mais importante, os navios da frota russa do Mar Negro estão estacionados na cidade.

A divisão por etnia se expressou nos votos em 2010.

A divisão por etnia se expressou nos votos em 2010.

A importância estratégico-militar do sul, da Crimeia, não é menos importante do que o gasoduto que atravessa a Ucrânia e abastece a Europa, tão dependente da Rússia. A equação é complicada e não é um golpe de Estado patrocinado pelo EUA e com apoio velado da UE que resolveria os problemas do país. Claro que a Rússia não ficaria quieta diante do golpe, mesmo que o antigo governo não lhe fosse tão simpático, exceto quando se viu abandonado pela UE, que não lhe prestou ajuda alguma, então se voltou para o “Ouro de Moscou”.

O país ficou à beira de uma cisão, agora, com a conturbada situação de Kiev, dominada pelos golpistas, a UE apareceu com 15 bilhões de Euros para empréstimo, com apoio dos EUA e do FMI, antes não havia qualquer possibilidade de ajuda. o atual pacote financeiro é no mesmo montante que a Rússia oferecera em novembro de 2013, desde que a Ucrânia não mais firmasse qualquer tratado com a UE. Estranhamente, por três anos, a UE não aventava um acordo sólido, apenas agora no caos, apareceu dinheiro farto e abundante, ou seria algo de caso previamente pensado?

Um país dividido e empobrecido, principalmente no lado "europeu"

Um país dividido e empobrecido, principalmente no lado “europeu”

A questão se torna mais tensa com as manobras russas na Crimeia, um plebiscito foi convocado para decidir pela separação da região da Ucrânia, um caminho rumo à Moscou. A consequência do golpe de Estado contra o presidente eleito será a divisão do país, a parte mais rica é a mais próxima aos russos, não apenas na Crimeia, mas também Donestk, em que há uma guerra de bandeira, segundo o site EuroNews”, “prevalece por agora a da Ucrânia, depois de manifestantes pró-russos terem por duas vezes, em menos de uma semana, hasteado a bandeira da Rússia na sede do governo regional, no leste do país. A polícia ucraniana assegura a integridade do edifício que foi vandalizado nos últimos dias. As autoridades fiéis a Kiev desalojaram, esta quinta-feira, o segundo grupo de russófonos que tinha ocupado as instalações. Na evacuação à força foram detidas pelo menos 70 pessoas, entre as quais o autoproclamado governador de Donetsk, o pró-russo Pavel Gúbarev”.

Ainda segundo o EuroNews “o parlamento da Crimeia pediu, esta quinta-feira, a integração à Federação Russa. A assembleia da República Autônoma ucraniana aprovou, por “unanimidade”, a medida e pretende colocar a decisão nas mãos dos habitantes da Crimeia, convocando um referendo para o próximo dia 16 de março. “São estas as questões que pretendemos colocar em referendo: ‘está a favor da reunificação da Crimeia com a Rússia, como sujeito da Federação Russa?’ e ‘está a favor da aplicação da Constituição de 1992 da Crimeia e do estatuto da Crimeia como parte da Ucrânia?’”, informou o deputado Sergey Shuvalnikov.O governo interino de Kiev já repudiou a ação da Assembleia da Crimeia. O ministro da economia, Pavlo Sheremeta, considerou a medida como ilegítima. Quanto ao Kremlin, logo pela manhã, Vladimir Putin convocou o conselho de segurança para discutir o pedido do Parlamento da península ucraniana no Mar Negro. A Duma prepara-se para discutir, na próxima semana, uma lei que simplifique os procedimentos que visem a integração de “estados estrangeiros” à Federação Russa”.

O trunfo russo é a forte presença militar na Crimeia e a identidade local com o país, além, por outro lado, a dependência europeia do gás russo. A influência dos EUA, ao incentivar o golpe, talvez não tenham medido todas as consequências para a região, correm o risco de se desmoralizar, numa derrota ao perder a Crimeia e depois a fragmentação da Ucrânia, sobrando apenas a parte mais pobre e problemática para que a UE assuma seu protetorado, tudo acaba mal, quando mal começado. A combinação de neonazistas e nacionalistas pode não chegar a um bom termo, dividindo-se nas futuras eleições ucranianas marcas para abril, acontecerão?

A política conduzida por John Kerry além de desastrosa, vai se tornando catastrófica, trazendo de volta a “guerra fria”, o ônus será não só para Europa, mas para o mundo inteiro. A Rússia não se intimidou diante das ameaças do Secretário de Estado dos EUA, ao contrário, apressou suas manobras e apoio aos combatentes que não aceitaram o golpe na Ucrânia. Agora, Kerry, busca minimizar sua ação, ainda segundo o EuroNews, ele diz que “nunca ter tido grandes expectativas que de que o diálogo fosse aberto. O secretário de Estado norte-americano declarou igualmente que todos concordaram “em continuar discussões intensas com russos e ucranianos, nos próximos dias, para ver como podem ajudar a normalizar a situação e ultrapassar a crise”, acrescentando que “todas as partes concordaram que o importante é resolver os problemas através do diálogo”. Kerry e Serguei Lavrov, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, voltam a tentar esta tarde iniciar um diálogo que abra caminho para uma solução para a crise separatista na Crimeia”.

O cenário é de conflito e de crise, nesta hora não conseguimos ver para onde foram os ativistas digitais com sua “revolução na redes sociais”, não estão na mesa de negociação, é apenas o velho Estado ali reunido. Serviram ao propósito dos EUA e UE, agora são descartados, quem sabe ajudem, novamente, nas eleições, se elas realmente acontecerem.

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