As declarações de líderes políticos, empresários, sindicalistas, artistas vão compondo o retrato da atual crise, de vez em quando aqui, na série sobre a Crise 2.0, vamos tomando nota destas palavras, pois, ditas no calor da pressão, revelam muitas verdades, que, dificilmente, em épocas de “paz” seriam faladas. Com os líderes do sul “pobre” da Europa e de sangue quente, conseguimos captar um amargor maior ou muitas vezes mais “raiva” nas frases, nem que seja apenas para provocar efeito midiático, de uma indignação pública em contradição com a covardia e submissão nas reuniões privadas.
O Primeiro-Ministro “Biônico” da Itália, Mario Monti, que não é belo, se especializou em declarações fortes, de aparente indignação, tentando esconder seu fracasso completo e sua total fidelidade canina à troika, em especial à Alemanha. Diante de mais um número ruim da economia italiana, se saiu com esta frase: “Somente um idiota poderia pensar que reformas estruturais profundas não prejudicariam a demanda”. Tais palavras se voltam contra ele, pois, o mesmo Monti, disse neste ano que confiava que “as reformas não prejudicarão a Itália”. O espaço entre as declarações foi pouco mais de dois meses.
Mas os melhores momentos de Monti, na reunião com os empresários do setor têxtil italiano foram quando reconheceu que não basta baixar o bônus da dívida dos países, pois a crise mesmo está ligada à competitividade: “Nós estamos enfrentando um diferencial na produtividade (em relação a outros países da zona do euro), não apenas um diferencial nos juros dos bônus”. Isto sim, é o centro do problema Sul-Norte, os países em crise são meros compradores da Alemanha e França, com indústria secundária e baixa produtividade. O fluxo de capital, com a moeda forte, deu a ilusão de riqueza comum, mas, na crise, ficou demonstrada a real diferença. No fim, ele ainda deu uma estocada nas grifes que usam Made In Itália, mas produzem na China, Tailândia, Malásia e outros: “Mas, embora a etiqueta ‘feito na Itália’ seja um motivo de orgulho, eu sonho em ouvir um dia sobre coisas que foram ‘legisladas na Itália’ e ‘implementadas na Itália”.
O Caso de Mariano Rajoy, Presidenta da Espanha, na prática primeiro-ministro, é mais patético, líder da ala extremista, religiosa, do Partido Popular (PP), o medíocre Rajoy viu cair no colo o poder, numa campanha em que não apresentou qualquer programa, apenas criticava o PSOE pela condução da crise. Ganhou ampla maioria no parlamento, principalmente pelo boicote dos indignados, foi a maior abstenção da democracia. Com as mãos livres, Rajoy se especializou em piorar o país. As reformas aprofundaram a crise de forma irresistível, mesmo assim Rajoy continua vivendo num mundo paralelo.
Suas declarações são de uma infelicidade e despreparo assustador, falando à TV sobre se pediria o resgate da dívida do país, disse: “Olharei para as condições. Eu não gostaria, e não poderia aceitar, que dissessem para mim quais seriam as políticas concretas sobre as quais deveríamos realizar cortes”. Como alguém que vai pedir ajuda, por falência completa e fica com mimimi? Quer enganar a quem? As condições são as mesmas de Irlanda, Portugal e Grécia, a Espanha perderam qualquer autonomia, viverá sob intervenção da troika, Rajoy e espanhóis, fora a arrogância, não têm nada de especial.
Monti chegou a propor uma cúpula para discutir medidas de combate ao crescente sentimento anti-Euro, por aí se percebe que com governantes assim, não pode haver esperança de que se saía com dignidade do atoleiro, refletem o clima geral de mediocridades que dirigem os países da Europa, exceto a esperta Merkel, os outros são terrivelmente ruins. Cabe aos trabalhadores buscar uma nova alternativa para seus países, conseguirão?
Agora sim tive o prazer de lê-lo e manter-me bem informada !
Obrigada pelo reenvio do texto e um abraço para você e sua bonita família.
Bjo, silvia.
Rapaz, vi ontem a Plenária dos sindicalistas com Haddad… Que nível alto o deste rapaz, como tem o programa na ponta da língua, como conhece os problemas… Dá de 1.000 em qualquer desses “líderes” europeus subservientes de uma figa! Ele disse uma frase espetacular, que São Paulo com o PT vai ajudar a impulsionar mais ainda o PT! Como SP faz falta nesse processo de avanço do nosso país… E se São Paulo não votar no Haddad, vou te contar, vou olhar como olho os trabalhadores europeus que votaram com a direita: com pena, mas também com frieza.
Ui, desculpem, vai impulsionar mais ainda o Brasil!!!