(Bergognone, Ambrogio (c. 1500) Virgin of the Veil; Milan)
Acabamos de comemorar o Natal e na maioria das veze sem sabermos de onde vem tal data. Assumimos o Natal como data do nascimento de Cristo, aquela bela história de que havia o decreto de recenseamento das colônias italianas, imposto por Augusto. Eis então que José se desloca com sua jovem esposa, Maria, até sua terra, Belém para lá registrar-se, ao chegar a mãe dá à luz ao rebento no dia 25 de Dezembro.
Indo um pouco mais fundo, porém, descobrimos que o sincretismo religioso imposto pela igreja cristã, em especial a católica, através dos séculos, usou antigos cultos pagãos para atrair e também apagar estas crenças. Especificamente no caso do nascimento de Jesus, o Nazareno, foi usado o dia 25 para se fundir com a comemoração do Natalis Solis, nascimento de Mitra, o deus Salvador (outra fusão), vencedor e invencível que nasceu de um rochedo.
(Mitra, o Sol Invencível)
O Natalis Solis era comemorado dia 25 de Dezembro logo a seguir do inicio do Solstício de inverno, para comemorar o renascimento do Sol. Logo, com a religião cristã tornando-se dominante no império romano, o Natalis Solis transmuta-se para Natalis Domini(Nascimento de Cristo), substituindo e superando o culto pagão.
Cristo também vira Luz e muita vez é visto como Sol, outro “deus pagão”. Ora, sendo Jesus o Sol, nada mais natural que Maria, sua mãe terrena seja vista como a Lua, ou como a própria Terra, no dizer do mestre Junito de Sousa Brandão que afirma “Desmitificando e dessacralizando o mito, a Igreja o sublimou, revestindo-o com nova indumentária”.
Cita ainda as palavras de do Papa Inocêncio III: ”É para a Lua que deve olhar todo aquele que se acha enterrado na sombra do pecado e da iniqüidade. Tendo perdido a graça divina, o dia desaparece. Não há mais sol. Que se dirija a Maria: sob sua influência, milhares encontram diariamente seu caminho para Deus”. A simbologia é perfeita: Cristo é o sol; Maria, a lua.
Estas histórias, longe de afastar a fé de cada um, para mim, são a forma de que tenhamos uma visão crítica sobre religião, estado. Haja vista que a fusão perigosa do estado e religião, que na maioria das vezes é usada para apagar os sentimentos populares, suas raízes e fé. O sincretismo das religiões estatais não consegue apagar alguns comportamentos repetidos dos antigos cultos pagãos, por exemplo, o do noivo que conduz a noiva em seus braços para ultrapassar a soleira de sua nova casa, que nos ritos antigos era a forma desta ser aceita pelo deus do “lar”.
Pois é, a igreja católica buscou muitos de seus símbolos no mitraísmo, como a própria comunhão e o barrete usado na cabeça pelo papa, cujo nome não deixa dúvidas: Mitra!!!!Também Mitra nasceu, como Cristo, de uma virgem…Assim sendo, o catolicismo se apoiou no mitraísmo e no judaísmo para ditar seus dogmas e é por isso que sou pela tolerância religiosa: até em religião, tudo se copia…
por falar em deus do lar, voce ja leu a cidade Antiga, de Fustel de Coulanges? eu me amarro, mas começo a ler, vem outras leituras, eu paro e começo de novo! preciso me disciplinar pra aproveitar bem!