Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Sem Rumos

165: Crise 2.0: Sem Rumos

 

 

 

 

 

“Se fosse ò fogo infernal,

lá iria todo o mundo!

A estoutra barca, cá fundo

,me vou, que é mais real”

(Auto da barca do Inferno -Gil Vicente)

 


A península ibérica está mergulhada na Crise 2.0, nem lembra aqueles anos “gloriosos “” do dinheiro fácil que da noite para o dia, tornaram Portugal e Espanha em novos ricos e poderosos, saíram comprando tudo na América Latina, gastando a rodo. Os conquistadores dos Séculos XV a XIX voltaram triunfantes para este lado do mundo, mais arrogantes ainda.

Compraram tudo, em particular na telefonia e bancos, parecia que o novo século que se avizinhava seria deles novamente, mandando e desmandado na América Latina, graças às privatizações de araque. Voltaram a ter poder e influenciar na política e no dia a dia de países como Brasil, Argentina e México.

Eis que me deparo com um artigo “Novos Rumos” do ex-presidente português, que levou Portugal a Zona do Euro, hoje se alinha com a Esquerda contra a decadência total de Portugal, leiamos os trechos, mais eloqüentes do lamento e autocrítica:

 

I- Questão da Crise e captura da esquerda ao neoliberalismo

“Não podemos assistir impávidos à escalada da anarquia financeira internacional e ao desmantelamento dos estados que colocam em causa a sobrevivência da União Europeia.

A UE acordou tarde para a resolução da crise monetária, financeira e política em que está mergulhada.

As correntes trabalhistas, socialistas e sociais-democratas adeptas da 3ª via, bem como a democracia cristã, foram colonizadas na viragem do século pelo situacionismo neo-liberal.”

II- Democracia em risco

“Os obscuros jogos do capital podem fazer desaparecer a própria democracia, como reconheceu a Igreja. Com efeito, a destruição e o caos que os mercados financeiros mundiais têm produzido nos últimos tempos são inquietantes para a liberdade e a democracia. O recente recurso a governos tecnocratas na Grécia e na Itália exemplifica os perigos que alguns regimes democráticos podem correr na actual emergência

Não podemos saudar democraticamente a chamada “rua árabe” e temer as nossas próprias ruas e praças. Até porque há muita gente aflita entre nós: os desempregados desamparados, a velhice digna ameaçada, os trabalhadores cada vez mais precários, a juventude sem perspectivas e empurrada para emigrar. Toda essa multidão de aflitos e de indignados espera uma alternativa inovadora que só a esquerda democrática pode oferecer.”

III- Lutar contra os novos planos neoliberais

“Em termos mais concretos, temos de denunciar a imposição da política de privatizações a efectuar num calendário adverso e que não percebe que certas empresas públicas têm uma importância estratégica fundamental para a soberania. Da mesma maneira, o recuo civilizacional na prestação de serviços públicos essenciais, em particular na saúde, educação, protecção social e dignidade no trabalho é inaceitável. Pugnamos ainda pela defesa do ambiente que tanto tem sido descurado.

Nesse sentido, apelamos à participação política e cívica dos cidadãos que se revêem nestes ideais, e à sua mobilização na construção de um novo paradigma”.

 

O texto faz parte de um conjunto de iniciativas dos grupos de esquerda de Portugal, que se opõem a política de ajuste imposta ao país pela “troika” (FMI, BCE e Comissão Europeia), grupo junta parte do PS, Bloco de Esquerda e intelectuais.

Seria cômico se não fosse trágico, Portugal que foi tal altiva e que celebrou as privatizações no Brasil, por exemplo, agora reclama da “imposição política de privatizações”, a vida “opera” milagres. O medo de Portugal é, inclusive, que as empresas brasileiras sejam as grandes compradoras dos combalidos grupos de lá. Que irônico que é a vida.

 

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0 thoughts on “165: Crise 2.0: Sem Rumos”

  1. Depois que vi a tabela de salários da ZE que a @beattrice_ divulgou entendi que “os novos ricos” da PI não passavam de um punhado dazelite branca. Se a massa continua com salário miserável, não há desenvolvimento real, né?

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