Arnobio Rocha Crônicas do Japão Crônicas do Japão XI: Lojas de Música (Post 86 – 40/2011)

Crônicas do Japão XI: Lojas de Música (Post 86 – 40/2011)

A riqueza cultural do Japão realmente é impressionante, as várias manifestações de sociedade moderna e antiga, combinando passado, presente e futuro, tudo o que se pensar de variedade se encontra nas grandes cidades japonesas, museus, templos, ginásios, galerias de artes, pintura, escultura. Depois especificamente sobre literatura vou escrever em particular sobre Kenzaburo Oe, que me encanta profundamente e tanto me emociona.

Mas hoje quero falar do que era “forte” em 1996 e mais me distraia: freqüentar as imensas lojas de CDs, vocês não têm idéia do que era ficar até 9 horas ouvindo, descobrindo preciosidades nestes verdadeiros templos em homenagem a música mundial.

Logo de cara a loja da Virgin em Tókio, no chique e moderno bairro de Shibuya é um caso à parte, vários andares de músicas (na época CDs) e vídeos, catalogados por estilos, ritmos, países, numa infinidade de produções que impressiona mesmo os mais entendidos no assunto.

(Nana Kitade – J-Pop)

Apenas a seção dedicada ao Brasil encontrei cada preciosidade inacreditável, que nunca tinha visto aqui no Brasil, por exemplo, havia um CD em homenagem ao Tom Jobim feito após sua morte por grandes jazzistas americanos, com os maiores Hits dele, produzido no Japão(claro que comprei) até hoje nunca achei um igual no Brasil. Tem um outro do Vinicius também inédito aqui. O catalogo brasileiro era dominado por bossa nova, samba, samba rock.

O que me espantava também era a qualidade, não apenas das gravações, mas também os folhetos internos, a riqueza de detalhes, as letras originais e transcritas em Nihon-go, totalmente na contramão dos produzidos aqui e até mesmo nos USA. O álbum valorizava o artista e sua obra, explicativo, didático sem chato. O preço do CD produzido no Japão chegava a ser 20% mais caro do que os mesmo feitos nos USA, mas os encartes valiam pagar mais.

Cada andar da Virgin você podia gastar uma manhã inteira, o andar inteiro dedicado ao Jazz era estupendo, dividido por estilo, por época, por cantores, bandas, tudo fielmente cadastrado, as várias gravações, os álbuns de shows, os festivais com aquelas “canjas” imensas. Detalhe você podia ouvir sem precisar comprar, ou melhor, decidir na hora de comprar.

Lógico que dentro desta vasta loja havia lançamento de discos, de novos e consagrados artistas, as performances longamente acompanhada pelos fãs, um clube interno também funcionava, era um ambiente cheio de vida de cores, para uma nova classe média mais livre dos grilhões do trabalho, mas sempre na lógica do “mercado”.

Tokio Hotel performing at Virgin Megastore

Loja de CDs “Usados” de Kashiwa

Outra coisa sensacional era uma loja de CDs em Kashiwa, menor que a Virgin, óbvio, mas muito rica e mais confusa, mas tinha um detalhe que fazia toda diferença para mim: dois subsolos de CDs “usados”. Usado é modo de dizer, os caras compravam um CD no fim de semana ouviam e devolviam para loja, trocados por um novo.

Então estes CDs desciam para o subsolo, por 20 ou 30% do valor original, realmente era maravilha comprar, porque eles devolviam com capa, encarte, se qualquer o visse pensaria se tratar de um cd efetivamente novo. Comprei muitos, mas muitos CDs, quando voltei tive que comprar uma mochila grande só para CDs.

Era uma terapia descer ao subsolo, era muito louco tudo desorganizado, você tem que garimpar muito, mas faz parte de quem busca coisas raras e legais. Descobri uma infinidade de coisas diferentes de vários lugares do mundo: Rússia, Bulgária, Egito, Noruega, Holanda, Brasil, USA, Japão, Coréia etc. Coisas lindas demais que guardo até hoje, mesmo as rádios mais experimentais não tocam estas músicas, hoje com a internet facilita atualizar cantores como Origa(russa), Valensia(holandês), Secret Garden(Norueguês) pois jamais os ouviria aqui.

Crystal Winter

http://www.vagalume.com.br/origa/we-can-hear-your-pulse-traducao.html

http://www.vagalume.com.br/secret-garden/nocturne-ingles-traducao.html

Outra coisa que vi que gostava demais eram das dezenas de CDs de shows, uma antecipação do que seria os futuros DVDs, vi muitas versões gravadas de grandes performances, só do Pink Floyd, formação clássica e sem Roger Water encontrei mais de 20 cds, alguns eu trouxe porque eram bons demais, leituras mais pesadas ou outras mais suaves de antigos clássicos.

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