2633: A conjuntura desigual imposta pela hegemonia da extrema-direita. A resistência é possível?

A ideologia cloroquina, o marco da negação da ciência no Brasil!

Bolsonaro negligenciou 714 mil mortes na Pandemia, fez um governo desastroso, sem entregas, sem nada digno de nota, terceirizou o orçamento da União entregando ao centrão. Ele fazia questão de brigar com a mídia todos os dias, um governo fortemente marcado pela IDEOLOGIA, que tratava os que discordavam internamente como “comunistas”, entreguista do patrimônio público que teve zero de visibilidade internacional Com tudo isso, mesmo assim quase se reelegeu (e não só pelo bilhões da farra final), ademais nem tem como se falar da “falha de comunicação do PT”, mas como explicar isso racionalmente?

Uma ideologia que NEGA tudo, se diz CONTRA o SISTEMA (mesmo estando dentro dele) é muito mais difícil de ser combatida do que qualquer outra. Não é algo racional, são formulações simples, mesmo as mais absurdas das construções elas se sustentam por si mesmas. Claro que isso levou a uma maioria sólida da extrema-direita nos parlamentos (Senado, Câmara Federal, Assembleias Legislativas e Câmaras municipais), nos executivos estaduais e municipais de todo o país, no judiciário, ainda reflexos da lava jato e no meio jurídico, além da força numerosa da sua base de sustentação: Os evangélicos pentecostais, que atendem ao chamado para irem às ruas para defender “deus” e seu “messias” (nada mais fajuto).

È importante entender que há uma hegemonia construída mundialmente, o ascenso do nazifascismo levou 15 anos (1919-1933), nada muito diferente do que agora (2008-2020), naqueloutro, depois da primeira guerra mundial, no novo, a crise que derrubou Wall Street (2005-2008) foi o que liberou as forças dos esgotos, usando como argumento o fracasso da Democracia e da Política  tornando-se culpadas pela queda da economia e pela perda dos sonhos e ganhos da população (o que em parte é verdade), entretanto, a lógica dessa concepção política é a negação da instituições, da política, da democracia,  transformando num processo destrutivo, mais, com o crescimento explosivo das redes sociais tornaram o cenário disruptivo.

Então, por essa visão, tem-se que ter paciência e resistência.

Esta realidade paralela, de um mundo em negação de si mesmo, da ciência, dos valores civilizatórios, surgem figuras distópicas (opressivas, autoritárias e totalitárias) e elas ganham enorme relevância, personagens saídos dos guetos políticos ou até de revistas em quadrinhos, líderes ordinários, fakes, passam a ter grande influência e vencem eleições, causando estragos poucas vezes visto na história, num assombroso cenário de combate político e ideológico contra caricaturas humanas, cínicos e messiânicos, misturando religião, poder, supremacia racial, com rupturas sociais e de modelos de sociedades plurais em que há diversidade de ideias e de comportamentos.

Há uma mitificação de líderes que os tornam imunes à qualquer enquadramento legal, responsabilidade por seus atos, por piores que sejam, são aceitos e tolerados, quem ousa impor limites jurídicos, sociais, são atacados e ameaçados. Exemplo é a tolerância com o comportamento de alta traição do Brasil cometido por Eduardo Bolsonaro, que mesmo sendo deputado federal por São Paulo, mudou-se para os EUA e de lá comando uma guerra particular contra o seu país. na verdade apenas na defesa do seu pai e do clã criminoso, miliciano que os mantém no poder e na liderança de um grupo fascista.

Tudo isso em nome de um conceito vago, a “Liberdade“, que simbolicamente virou pano de fundo para todo tipo de comportamento “antissistema“. A liberdade de mentir, usar as redes sociais para espalhar fakenews, sendo monetizados pelas big techs, o que fez enriquecer uma gama de imbecis e idiotas, quase todos com a ideologia autoritária e que cometem graves crimes contra a honra, contra a economia, ataques às mulheres, aos lgbts, aos negros, aos pobres, o uso de pornografia (inclusive infantil), claro, que isso é feito em nome de deus (sabe-se lá qual) e  da tal de liberdade de expressão, contra qualquer “censura” ou freio legal..

É esse o caldo de cultura da Hegemonia dominante que avançou de forma avassaladora no mundo e no Brasil. Aqui ainda houve a derrota eleitoral em 2022 e da tentativa de golpe após as eleições de 2022. A tenacidade do ministro Alexandre de Moraes e da segunda turma do STF, combinado com a política de recuperação feita pelo governo de frente ampla comandada por Lula, é que seguraram o CAOS. Nessa quadrada francamente reacionária, com todos os cuidados, o próprio PT, que muitas vezes se guia pelo medo do que a mídia corporativa vai falar, as manchetes, dos arautos da Faria Lima, consegue ser fundamental para resistência local e tem repercussão para o mundo, em especial nas posições de defesa do Brasil frente ao tarifaço e o achaque de Trump.

A defesa da Soberania Nacional frente aos ataques e ameaças de Trump (o Coringa de Gotham City) tem limites justamente num problema real, é que a hegemonia neofascista e que torna a percepção turva, o estado de negação é enorme em pelo 1/3 da população o que se refletiu na recente pesquisa do Datafolha em que 35% culpa o Governo Lula pelo tarifaço, a sondagem percebe-se que foi bem manietada para obter um resultado que desejavam, para inclusive liberar a Faria Lima para atacar os planos de ações do Governo Lula para defesa do país. Nada é coincidência, até mesmo para esconder as denúncias públicas feitas por Lula ao associar o tarifaço ao clã Bolsonaro, mesmo a família aos berros atacando o Brasil.

A disputa é ideológica, das mais ferozes do Brasil, importante é apoiar as iniciativas do governo, não se deixar cair pela narrativa midiática e bolsonarista, tergiversar sobre o óbvio, muito menos não reconhecer os enormes esforços para manter o país de pé e resistente, ainda que haja uma clara vantagem hegemônica para a extrema-direita. O trabalho será de longo prazo, difícil demais, com avanços pequenos, com recuos, empates, sem que se espere uma vitória decisiva para amanhã ou uma derrota acachapante, é luta diária, árdua e sem trégua, contra uma conjuntura extremamente complexa e com poucos aliados.

O MEDO é o maior inimigo do campo que defende a Democracia.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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