No dia 20 de novembro, a Polícia Militar teria sido chamada para conter uma aparente briga entre um jovem estudante de medicina, Marco Aurélio Cardenas Acosta e sua namorada, num hotel na região da Vila Mariana, numa outra versão é que o jovem teria sido abordado na rua quando deu uma tapa no retrovisor da viatura policial e fugiu para dentro do hotel em que estava hospedado. Os dois PMs não conseguiram conter o jovem, um deles atirou à queima-roupa e matou o rapaz.
O jovem estudante de medicina, filho de médicos e irmãos médicos, uma família de classe média alta branca de São Paulo. Uma tragédia terrível, como é de qualquer jovem na periferia, numa quebrada, ou em qualquer região de São Paulo ou do Brasil.
Naquele mesmo dia, escrevi num grupo de que finalmente a mídia corporativa e a classe média em geral, passaria a acompanhar os passos da PM e da política criminosa do Governo Tarcísio de Freitas e do seu Erasmo Dias, digo, Guilherme Derrite. Até então, mesmo com o aumento assombroso da letalidade policial, nada acontecia, coniventemente eram esquecidas.
Todas as mortes de pobres, pretos e periféricos da Operação Escudo, por exemplo, com indícios de muitas execuções foram ignoradas e tratadas como “combate ao crime organizado”, que matavam bandidos, que era uma demonstração de força e que bandido não teria vez com a “nova PM de São Paulo”. O Governador Capitão Tarcísio de Freitas, tratado como um bolsonarista moderado, tem MBA, era aplaudido pela mídia corporativa, com a alta aprovação da classe média Paulista.
Aparentemente, desde a morte do jovem estudante de medicina, a situação virou o fio, a PM passou a ser vista e os holofotes de seus crimes bárbaros, as violações aos Direitos Humanos e das garantias individuais, que eram incentivados e/ou tolerados pelo Governador (“que reclamem na ONU“) e por seu secretário de segurança, que disse que o critério para bom policial era quantos mortes ele carrega no prontuário, passaram a ser criticados.
Nos últimos uma enxurrada de vídeos dessas violações e de violência gratuita da PM de São Paulo, foram amplamente divulgados, escancarado o CAOS humanitário pelo qual passa a Segurança Pública de São Paulo, situações intoleráveis, entre esses vídeos a do assassinato com 11 tiros nas costas de um homem que furtara sabão, por um PM em dia de folga, noutro um PM arremessa um jovem de uma ponte, um senador bolsonarista, Jorge Seif, lamentou que não foi de um penhasco.
O governador Alckmin e o Governador João Doria passaram por apertos com a PM, as associações de PMs que tentaram desobedecer o comando, Derrite é fruto dessa balburdia, pelos delírios bolsonaristas, ele impôs que se reformassem 26 dos 40 coronéis, por pura vingança, mas isso ninguém discutiu a repercussão disso na PM, a SSP virou um cabide de assessores militares, sem controle. Agora parece tarde, a banda fascista tomou o controle da PM de São Paulo e mata indiscriminadamente, não querem bodycam, não querem Inquérito Policial Civil nas ocorrências da PM, não querem Ouvidoria, Condepe.
Hoje, 05.12, o governador sentiu o golpe, recuou de forma vexatória de suas declarações descabidas sobre o uso da câmeras corporais e sobre a brutalidade/letalidade de sua PM. Há um problema de fundo que é a tutela dos governadores pela PM, de todas as matizes ideológicas, a PM que se recusa a obedecer ao “poder civil”, porque ela acha que é hierarquicamente subordinada ao Exército, uma leitura esdrúxula dos decretos-lei do AI-5, não revogados pela Constituição Federal de 1988, o entulho autoritário, de 1969 funciona como um fantasma que assusta o Brasil.
O que mudará?
Não se sabe, mas o desgaste é grande, pode inviabilizar eleitoralmente o Governador Tarcísio de Freitas, que mantém Derrite como Secretário, que é deputado federal. Serão afetados? Essa enormidade de patentes que são candidatos, que enchem o congresso, as Câmaras Municipais e prefeituras vai continuar?
A conferir.