Arnobio Rocha Política Vitórias do PT em São Paulo e o cenário eleitoral.

2481: Vitórias do PT em São Paulo e o cenário eleitoral.


Boulos tem Marta de vice, apoio de Erundina e de Haddad.

O PT conseguiu eleger três vezes prefeitos na cidade de São Paulo, duas prefeitas (Luiza Erundina e Marta Suplicy) e o prefeito Fernando Haddad, foi ao segundo turno, mas não teve sucesso em fazer sucessores, as próprias vitórias foram em condições bem específicas, mesmo com a enorme importância de cada uma delas.

A primeira mulher eleita em São Paulo foi a professora Luiza Erundina em 1988, na época não havia segundo turno. A surpreendente vitória, não captada pelos instituos de pesquisas, ela cresceu nos últimos dias da campanha, as lutas sindicais, sociais e políticas estavam em ascenso, e a reta final foi turbinada pelas mortes de operários numa greve reprimida na CSN, como também pela derrota do governo Sarney, depois do plano cruzado.

Em 2000, a segunda vitória do PT,  veio com a Marta Suplicy, uma construção  depois da crescente que quase a fez ir ao 2° turno para governadora em 1998, seu o apoio ao Covas contra Maluf, deu mais credibilidade, isso combinado com o desastre completo do governo Pitta. Maluf e Pitta, tinham “privatizado” a saúde, deram muito dinheiro aos médicos, no final do governo Maluf, o que decidiu a favor do Pitta, mas as cooperativas faliram e o governo acabou, envolvida em corrupção e denúncias da própria esposa dele.

A terceira vez, em 2012, deu-se com Fernando Haddad, tinha sido um excelente ministro da educação e estava muito relacionado ao Governo Lula II, que impulsionou seu nome. Ademais, a péssima segunda gestão de Kassab, envolvido em.escandalos como a máfia dos fiscais, obras superfaturados, ajudou a reverter o quadro eleitoral e Haddad se tornou prefeito.

É preciso fazer uma reflexão sobre as três experiências petista e das esquerdas em São Paulo, para entender inclusive porque não houve reeleição ou continuidade, Erundina não podia se recandidatar, pois só em 1998, o Brasil adotou o instituto da reeleição.

O governo da paraibana Luiza Erundina foi histórico, uma novidade, mesmo o PT tendo eleito antes prefeitos de outras capitais. Mas em São Paulo era algo grande e o governo foi composto pelos grandes quadros, as figuras que o compunham tinha status de ministros, mas foi uma gestão complicada demais, com muitas ideias, mas com muitos gargalos e inexperiência administrativa,  o que de certa forma prejudicou inclusive Lula em 89.

A Prefeita Erundina foi boicotada por Sarney e Quercia, os repasses de verbas, por exemplo, a falta de diálogo, a recém Constituição Federal, mas não podemos esquecer dos problemas internos, a imagem do governo ainda hoje é melhor do que efetivamente tenha sido, o que se refletiu nos resultados de 1992.

Marta Suplicy, nesse sentido, ainda disputou o segundo turno em 2004, contra o Serra, que vinha de uma campanha presidencial em 2002, e era o “filho” do dono da Folha de SP e amado pela mídia..

A campanha “martaxa” pegou e a prejudicou,  Marta, fez o melhor mandato do PT em São Paulo, foi um marco nos programas sociais, o Bilhete Unico, na educação o CEU, fez mandato de alta qualidade, o que refletia o amadurecimento do PT e da esquerda em.geral.

O Prefeito Fernando Haddad fez um ótimo governo, com várias ações para classe média, quase um complemento do que Marta fez para periferia, preocupado com urbanização, as ciclovias, a redução da velocidade, a readequação da dívida da prefeitura, fez o único programa sério de acolhimento na chamada Cracolandia.

Haddad era extremamente bem avaliado, deu azar na reeleição, pois foi o pior período da história do PT, as jornadas de junho de 2013, o boicote à Copa, a lava jato, a criminalização da politica, teve apenas 16% dos votos.

Essas lembranças e cenários distintos podem nos ajudar a entenser, hoje,a candidatura de Guilherme Boulos,  suas dificuldades, a primeira, ele não pega nenhuma grande crise, o governo Ricardo Nunes é ruim, mas não é péssimo e este fez uma aliança gigante, tem apoio do governador e das máquinas,  sobrou pouco espaço, para uma aliança com o centro.

Por outra via, as conquistas do governo Lula III,  ainda não são percebidas como um todo, o que diminuiu o capital eleitoral que possa captar maior parcela da população, por isso suas chances são menores, mais reduzidas, uma campanha muito dura, a própria periferia não consegue diferenciar o jogo, em parte pela força política da base de Ricardo Nunes e vereadores, vínculos com neopentecostais, mas também pela presença de um candidato que não visto como “de cima”.

Os últimos 12 dias de campanha podem reverter a diferença? Dificilmente, mas é preciso lutar e acreditar até o fim.

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