Assisti aos 4 capítulos do excelente documentário da Minissérie, Rio-Paris: a Tragédia do voo 447, Globoplay, com muita dor e aflição, principalmente os relatos das famílias, cada história de vida, do sentimento sobre seus entes roubados deles. Foram 228 mortos entre passageiros e tripulantes, numa fração de minutos, de certa forma lembrou a minha trágica situação de minha filha.
O voo da Air France, AF 447, partiu do Rio de Janeiro rumo a Paris, no dia 31 de maio de 2009, às 17:29, circundou a Costa do Brasil até a altura de Recife e fez a curva para atravessar o Atlântico, sobrevoou por fim, Fernando de Noronha, pouco depois tem à frente uma área de turbulência, que os copilotos tentaram desviar, o comandante estava em repouso, havia um revezamento de 4 em 4 horas.
Uma sequência de problemas ocorreu, primeiro umas peças de orientação de velocidade (pitot) congelaram, e o ultramoderno Airbus 330, inibe o piloto automático, a situação inesperada levaram à decisões contraditórias entre os copilotos, o comandante tenta intervir e em 3 minutos e 39 segundos, a imensa aeronave saiu da altitude de 36 mil pés, para se espatifar no mar.
A saga das famílias inicia-se no Brasil e na França, na manhã seguinte, além da imensa dor, das incertezas, apenas 9 dias depois se concluiu que ouve a tragédia, confirmada a queda quando a marinha brasileira acha os destroços, por não ser águas brasileiras, a investigação passa para França, sede da companhia aérea e da fabricante da aeronave.
Depois quase 2 anos para localizar as “caixas-pretas”, que poderia dizer com precisão o que efetivamente aconteceu, nesse meio tempo, as centenas de especulações faziam aumentar a dor das famílias, e mesmo depois, apenas um ano depois, quase 3 anos da queda, um relatório bem tendencioso é apresentado para as famílias, o comitê de investigações francês, praticamente culpou apenas os pilotos pela tragédia.
A exclusão de responsabilidade da Air France e da Airbus provocou revolta e as famílias, junto ao Ministério Público francês, acionaram judicialmente as empresas, um veredito foi apresentado 10 anos depois e de forma chocante, alivia as responsabilidades dos pilotos, mas diz ser impossível apurar se as empresas tinham responsabilidades. A apelação apresentada, até hoje não há respostas.
Assistindo fui me identificando com vários relatos, o sentimento pela ausência de nossos filhos, em circunstância não naturais, o que já seria cortante, mas aumenta quando não sabemos como morreram. No caso deles, boa parte dos corpos nem foram encontrados. A revolta com as empresas e a justiça francesa manipularam os relatórios.
No caso da Letícia, como o hospital Samaritano, nos engana há 5 anos e 7 meses, sonegando as respostas. Assistimos os últimos 40 minutos de tentativas de ressuscitar a Letícia, e não esqueço de como ficou deformada.
Entretanto, o período anterior, de quando foi ao centro cirúrgico (no dia antes), consciente, conversando comigo. Nunca soubemos o que aconteceu lá dentro, pior, eu mesmo tinha avisado de que ela teve ânsia de vômito, não deram ouvidos. procederam a sedação (provavelmente) ela vomitou e estava de máscara, ela bronco aspirou e, provavelmente, morreu ali.
Muitas reuniões, sempre sonegaram as informações e não tivemos força para exigir judicialmente, fomos destruídos, cada um de nós, e uma certa desconfiança de que eles nos revitimariam nos tribunais, nenhum de nós suportaria sofrer mais ainda.
O documentário extremante bem feito, as declarações, as dores, a sensação de compaixão e de revolta.