O Ontem não volta mais, o hoje é breve demais e o depois, o porvir, não damos conta, é incerto. O relógio do tempo é uma máquina cruel e nos pressiona todos os dias, não com um dia a mais, na verdade é um dia a menos, parece desesperador para o corpo, muito pior para o cérebro, o verdadeiro poder humano.
Escrevi aqui, neste pequeno blog, e em outros espaços sobre tantas coisas e tantas gentes, pessoas, grupos e ideias, alguns sou muito devedor por ter escrito tão pouco diante de suas enormidades, um deles é Gilberto Gil, senhoras e senhores, que HUMANO, abstraiamos o gênero, pois Gil, é um avatar, um SER.
O amor ao grande Gilberto Gil, às suas músicas, aos seus poemas, ao seu comportamento transgressor e a entidade que ele é e representa, atravessa a minha vida e a de milhões de brasileiros, que se emocionam ou que celebram a vida com Gil, em qualquer uma suas centenas de canções, de suas fases e de uma grandiosa coerência estética e ética.
Gil supera o tempo, o relógio, e parece, a mim, que se torna cada vez maior, mais complexo, mesmo quando demonstra com simplicidade e clareza ao sintetizar ideias tão engenhosas. Ao mesmo tempo elabora e elucida questões densas, com uma verve única, o que lhe confere o título de gênio e intelectual, um dos maiores do Brasil e do mundo, fácil provar, ao assistir o duelo/dueto (Mano a Mano) com Mano Brown, outro monstro, ambos negros, num país francamente racista.
Gil foi mais fundo em tantos temas, ontem fiquei horas absorvendo o que ele diz nesse pequeno trecho, em que ele retoma ideias originais, típicas de um pensador sofisticado, quando declara o direito ao Esquecimento, da razão e do direito do cérebro selecionar o que devemos lembrar, mas principalmente, o que não mais fazer parte do saber, é, muitas vezes abreviar o sofrer, não nos martirizar.
É poético e de uma sagacidade sem fim.
Obrigado, mas muito obrigado mesmo, Gilberto Gil, por nos alumiar.