2317: Governo Lula III: Vitórias importantes, mas sem Comunicação Eficaz!

Lula venceu as eleições presidenciais pela terceira vez, há um ano no limite, a menor diferença de todas as eleições presidenciais desde a redemocratização, ao mesmo tempo em que teve uma derrota nas eleições para o parlamento e nos principais estados, os governadores eleitos foram em sua maioria ligados ao antigo presidente, o que se pode concluir é que a vitória de Lula foi muito por ele, pelo cenário, a vitória natural seria do bolsonarismo.

Óbvio que houve uma derrama de dinheiro, poucas vezes vista, uso abusivo da máquina e de todos os instrumentos de pressão sobre a população, uma rede de mentiras e de pregações de conteúdo religioso, morais e costumes que funcionou e por muito pouco Bolsonaro não virou, provavelmente os dois episódios, de Roberto Jefferson e da Carla Zambelli, frearam a virada.

A vitória extremamente apertada, deu a (falsa) ideia de um país dividido e pronto para uma ruptura radical, com pregações separatistas no Sul do Brasil, muitos ataques aos nordestinos e aos mais pobres. Ao mesmo tempo criar um clima abrindo a possibilidade de um golpe de Estado, algo, aliás, tão comum na história do Brasil.

Houve uma escalada nessa preparação aventureira, Começando com a ocupação de “patriotas” na frente de quartéis, fechamento de estradas urdida por bolsonaristas do Agro, especialmente, com a conivência das forças de segurança. Depois, as provocações na diplomação de Lula e em seguida, um caminhão bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do natal.

A retirada da família Bolsonaro para Miami fez parte do último ato golpista, dando a ideia de que eles não estavam envolvidos na tentativa efetiva do golpe em 08 de janeiro, se desse certo, voltaria para assumir, se desse errado, teria o álibi perfeito.

Desse cenário, deve-se somar a tudo, a gravíssima crise econômica, herança de um desgoverno absolutamente incompetente, incapaz e inepto, um aventureiro associado aos abutres do capital, representados por Paulo Guedes, Salles, entre tantos outros incompetentes, que levaram o país ao buraco, irresponsabilidade genocida na Pandemia, entrega de patrimônio público e a presença de militares maciçamente dentro do governo, gente sem nenhuma qualificação decidindo, Saúde, Educação, Economia e Soberania.

Um desgoverno baseado na farsa dos “valores” de Família, Pátria e Deus, uma propaganda que beira ao neofascismo. Destruição das instituições, emparedamento do judiciário, acordo espúrio com o Centrão e o vale-tudo azeitado pelo orçamento secreto e pela entrega de cargos chaves no governo, sem nenhum controle do que fizeram, a farra do boi.

É essa a herança, a terra arrasada que Lula começa a governar, pela terceira vez, em minoria absoluta no Congresso, que nem um impeachment conseguiria segurar, por exemplo. Os órgãos públicos destruídos, conselhos fechados, estatais à mingua, dirigidas por generais, como os Correios, Bancos públicos saqueados, A Petrobrás fatiada e entregue parte estratégica vendia a preço vil.

A economia em frangalhos, perda de importância e de mercado internacional, queima das reservas e inflação descontrolada, banco central entregue a um fanático do mercado, com juros altos e uma perspectiva de não ceder às pressões pela diminuição que permitisse a economia reagir.

A ordem do dia era reconstrução, com risco de que a economia ia descer mais fundo, as tarefas urgentes, a retomada dos conselhos, dos órgãos, voltar a funcionar o diálogo com a sociedade, negociar com um congresso hostil, pautas urgentes, com diferenças mesmo na coalizão vencedora.

A questão política, em parte se resolveu, com o fracasso do 08 de janeiro, empurrou para as cordas os mais raivosos bolsonaristas, no congresso e na sociedade, deu um importante fôlego para a iniciativa política passasse ao governo, avançando agendas impensáveis na realidade que se mostrava em dezembro na transição.

A economia começou a se descolar do Banco Central, para o ministério da Fazenda, algumas iniciativas e planos de curto prazo foram eficazes, a retomado do comércio exterior, segurar o câmbio, desarmar a bomba dos preços dos combustíveis, incentivo ao consumo das famílias e a pressão de governo e empresários contras os juros pornográficos.

São nove meses em que Lula foi um leão, viagens internacionais, reapresentar o Brasil, novos negócios, a agenda verde, a questão da urgência climática e as responsabilidades não apenas do Brasil, mas também do país, dar exemplo e exigir contrapartidas, Nunca se viu uma “blitz” internacional como nesses meses, a maioria das iniciativas forma de sucesso, alguns problemas, mas muito positiva. Alckmin tem sido um companheiro dedicado e passa a sensação de que as viagens têm um parceiro que toca o dia a dia.

Muitos ministérios ainda não deslancharam, por falta de estrutura passada, mas também pela dinâmica desigual do governo, de uma cozinha do Planalto que possa uniformizar todas as ações. Alguns planos podem dar coerência, como o PAC, os de participação popular e que possam chegar mais rápido nas pontas e atender as necessidades acumuladas desde apagão administrativo proposital de Teme e Bolsonaro.

O balanço é positivo, muito acima do esperado, no entanto o governo não “fatura” todas essas vitórias, os números de avaliação do governo são muito aquém do que se fez, não se transformou em sustentação e apoio ao governo, o que precisa de uma reflexão mais profundo das razões.

A COMUNICAÇÃO do governo é um dos problemas mais urgentes, pois até agora o bolsonarismo, oposição ainda estão anestesiados, mas as pressões do Centrão, dos “aliados” comprando fatura são cada vez maiores, pois o governo pode estar bem, mas não tem força apoio popular, o que pode levar o governo a se tornar refém dessas pressões, hoje refletidas nas indicações para PGR, para o STF, o apetite para tomar ministérios, CEF entre outros.

Falta comunicação ou repete-se o que já se fez no passado, a crítica é de que não consegue acertar para quem e como chegar a esses nichos mais resistentes e refratários, não apostar apenas nos números da economia e nos enormes esforços de Lula e de ministros, que nem esses são devidamente capitalizados, ou seja, mal comunicados.

A presença nas redes sociais é sofrível, a extrema-direita continuam dando um banho, não apenas porque dominam os algoritmos, mas porque sabem se comunicar, rapidamente, simples e eficaz, sem nenhuma preocupação com a verdade ou veracidade. O exemplo último é a questão do aborto que está sendo votado no STF, mas deu a impressão de ser iniciativa do governo, que não seria errado, mas sem a comunicação, facilita dizer que o governo que matar as crianças, isso cola fácil.

O governo precisa reformular a comunicação ou viverá do esforço desigual dos militantes que correm atrás para desmentir, informar minimante o que se faz e o que fará. Sem comunicação, não é uma questão eleitoral, mas de perda de influência e o governo vira refém de tipos como Lira, Centrão, entre outros. Obviamente que precisa negociar apoios, mas tendo força desse lado, tem-se a possibilidade de não aceitar a pura chantagem.

É isso

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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