“Quem me vê sempre parado, distante
Garante que eu não sei sambar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando”
(Quando o Carnaval Chegar – Chico Buarque)
A bela letra do samba de Chico Buarque, tem mais de 50 anos, e ouvir hoje, parece tão presente e vai superando o tempo, pois não envelheceu e se renova num país que teima em brigar para voltar ao passado, a mensagem, a metáfora continuam valendo, como reflexões de amores e vida de uma inocência perdida e que não se encontra.
A música, ou seus versos, grudaram na memória e hoje amanheci pensando e sentido o significado que ela produz em mais um carnaval, ou de quando ele chega e num segundo ele passa, no piscar de olhos e toda a realidade nua e crua volta para assombrar o dia a dia, em mais um ano que, para o Brasil, inicia na quarta-feira de cinzas, depois do meio dia.
Claro que é melhor viver a fantasia, destravar os sonhos que foram cultivados por longos dias, aguardados para quando o carnaval chegasse, de todas e todos que curtem com toda intensidade a maior e mais popular festa do Brasil, em toda sua extensão em todos os dias e possibilidades, em todo o país, até mesmo, quem vai curtir a preguiça e sono de um descanso e preparação do ano que virá.
É viajar nas cores, delírios das avenidas, dos ritmos e sons tão diversos, para uma mesma festa, num país que ficou entristecido por tantos anos, fruto do obscurantismo, que vai muito além da crise econômica, pois esta jamais impediu que o espírito festivo e festeiro do brasileiro, que com sua enorme criatividade “dava um jeito” e se guardava para quando o carnaval chegar.
Agora é acreditar que um novo momento se inicia nesse carnaval, de liberdade e libertação, que o Brasil seja tocado pela alegria, pelo gosto de viver ao seu modo, feliz e lutador, fazendo festa e sorrindo, porque o Carnaval chegou e o foi decretado que a alegria está liberada.
Bom, carnaval!