Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
(Tempo Perdido – Renato Russo)
A verdade é que estou cansado, dormir ou acordar, e tudo me parecer cinzento, a doce ilusão é que vai anoitecer e será colorido, com as luzes, como as de Tóquio, mas chega o fim dia e vem apenas escuridão. Durmo exausto na expectativa de que o novo dia será sol e céu azul, como no Ceará, mas o tempo é nublado.
Não é que a vida seja boa ou ruim, ela apenas é.
Precisamos sorrir, demonstrar força e otimismo, a sociedade celebra os “vitoriosos”, mesmo que na aparência, sejamos como os ricos que riem à toa, mas não esqueça, apenas sorria e responda feliz: “Está tudo ótimo, e com você?” Assim, vamos e seguimos, na esperança de um porvir melhor e mais lindo, mas o tempo passou rápido.
Sim, é fato que fizemos tantas coisas fantásticas, vimos tantos mundos incríveis, no meio daqueles bit e bytes tão cheios de lógica. Ao mesmo, os sonhos e vidas, nas lutas realizamos coisas maravilhosas, muito acima para nosso tamanho e expectativa, de onde viemos e aonde chegamos.
Feitos profissionais e militantes, insights, ideias e resoluções, algumas coisas assombrosas, de como conseguimos chegar nessas soluções. Coisas de política, de defesa da vida, enfrentamentos e embates, em todos os momentos da vida, mesmo nos piores instantes, tivemos dignidade e coragem de fazer, sem nenhuma falsa modéstia.
Ah, como tivemos vida. As minhas meninas e companheira, pequenas, crescendo, virando gente, mulheres formidáveis, tão dignas, muito além de mim, sem nenhuma dúvida, a grande sorte da mãe que têm/tiveram, forte e tão decidida.
Bem, pelas dobras da vida, um sorriso se transformou em dor, a dor virou pesadelo, o pesadelo nos tirou a vida, o sorriso, a vontade, é tão difícil se refazer, reconstruir, sem envergar, nem fenecer.
Sinto que dói, às vezes o ombro, o braço, uma perna, a outra, mas a verdadeira dor é da alma, no entanto, falar dessas coisas é se despir. A leitura externa, muitas vezes, é da incapacidade “produtiva”, parece que não se presta para mais nada, nosso tempo passou, nossos escritas não dizem nada, são apenas palavras, açoitando substantivos, verbos e predicados.
O homem de la Mancha espetava moinhos de ventos, como se fossem em lutas gloriosas, em fantasias e construções, racionalmente tudo que pensamos é que se tratava de uma loucura, mas o que é viver? Sem se saber de tudo o que nosso cérebro pensa e sofre, somos tantos e muitas vezes não somos ninguém.
E assim, voltamos a ponto, o que virá?