Wandinha (Wednesday), série do canal Netflix, traz Tim Burton com força e sua imensa criatividade, especialmente, nos personagens dúbios, de caráter incerto, quase anti-heróis, carregados de sarcasmos, sombrios, namoram ou são íntimos da sociopatia, que nos provocam e nos fazem refletir sobre quem somos nós e o que pensamos intimamente.
Wandinha já era de longe a melhor personagem dos Addams, em versões antigas da Família Addams, agora em versão solo, Wandinha, ganhou uma construção mais profunda, com alta carga de feminismo, empoderamento cortante e um humor refinado, inteligentíssima e, claro, os mesmos conflitos que as adolescentes têm com os pais, as mães em particular.
O ambiente criado por Tim Burton em duas vasta obra sempre foi trazer para o debate o “outro lado”, os (as) diferentes, o inconformismo contra a sociedade de consumo, padronizada e da “felicidade” a todo custo. Tim Burton provocou com Edward mãos de tesouras, Batman (os dois primeiros, o segundo mais radical, quase repulsivo), Noiva Cadáver, Alice (os dois filmes recentes).
Jenna Ortega incorporou uma Wandinha extremamente elaborada, sagaz, egocêntrica e que não faz concessões. Ela conquista pelo exagero, por suas tiradas mordazes e capacidade de seduzir por sua inteligência e singularidade, um mundo particular que enfrenta o mundo em geral, uma interação ácida e original.
Um série com apenas 8 episódios, excelentes atrizes, o universo feminino é uma das vertentes de Tim Burton, destacam-se além de Jenna Ortega, Christina Ricci (quase irreconhecível visualmente), Catherine Zeta-Jones, Gwendoline Christie e Emma Myers.
Humor e inteligência, tornam a série uma diversão imperdível.