Arnobio Rocha Esportes A Copa do Mundo de 2022 – Zero Empolgação!

A Copa do Mundo de 2022 – Zero Empolgação!


Tite comanda uma seleção que não empolga e nos é indiferente. Pode mudar esse espírito?

Pela primeira vez na minha vida não tenho nenhum interesse pela Copa do Mundo de 2022, no BIZARRO Catar, por obra e graça da FIFA, essa entidade que não gera nenhum respeito ou confiança em suas escolhas, baseada em bastidores em que a corrupção é o carro-chefe, com escândalos que já derrubou até presidente da entidade, lançando suspeita geral sobre a FIFA e seus métodos, especialmente de escolhas de sedes, um grande e bilionário negócio.

Acompanho as Copas com  empolgação única, desde a Copa da Argentina, em 1978, usada de forma canalha pela Ditadura portenha como propaganda e ao mesmo tempo biombo das torturas, sequestros e mortes. O próprio desfecho da Copa se levantou suspeitas graves, especialmente o jogo do 6 x 0 contra o Peru, que pôs a Argentina na final e depois campeã.

Lembro-me que vi a maioria dos jogos da Copa da Argentina numa pequena TV no corredor do colégio de freiras em que estudava, em Bela Cruz, no interior do Ceará. Naquela época não era tão comum TVs, na minha casa o primeiro aparelho (Preto e Branco) chegou em 1976. A TV das freiras era “colorida”, ou algo assim.

A grande Copa da minha vida, foi a de 1982, na Espanha, tudo era mágico, tinha 12 anos, morava em Fortaleza, no primeiro dia da Copa, meus pais chegaram com uma TV colorida (de verdade) lá em casa, uma maravilha, que durou uma 3 Copas. Fiz o meu primeiro álbum, chicletes Ping Ping, com as figurinhas, a seleção brasileira com 40 jogadores, inesquecível.

Aquela Copa foi lendária, um pouco antes, Fagner tinha lançado um álbum Traduzir-se, com músicas inspiradas na Espanha, um dos melhores dele. A Volkswagen lançou um Gol com uma propaganda “espanhola”. Tinha o Araquém, o Canarinho do Júnior, pronto para voar. O Jô Soares e o Zé da Galera que pedia: “Bota ponta, Telê”.

Mas o que tinha de principal era a mítica seleção brasileira de Telê Santana, com craques, do Um ao 15 (pois Falcão usou esse número). Valdir, Leandro, Oscar, Luizinho e Júnior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho e Éder. Tinha ainda Paulo Isidoro, Batista, Edinho e Dirceu. Um super time, encantador e inesquecível, que sabemos a escalação sem consultar o Google.

Essa Seleção é a maior que vi jogar, tudo era especial, quis o destino que pegasse a fantástica Itália de Paolo Rossi, que quase não foi para segunda fase (foram 3 empates, classificada pelos gols marcados), mas cresceu contra a Argentina e fez um jogo estupendo contra o Brasil, um dos maiores jogos de uma Copa do Mundo, teve pênalti a favor, mas teve gol mal anulado da Itália.

Aquele jogo foi meu rito de passagem, acabou a infância e sonhos de criança, apenas um novo 05 de julho de 2012, 30 anos depois, superei o trauma daquela tragédia do Sarriá.

As Copas de 1986, 90 e 94 (mesmo campeã) foram seleções que não deixaram saudades. No México, de última hora, porque a Colômbia não pode sediar, apenas Maradona encantou o mundo, a Copa de uma seleção espetacular, tendo um gênio como guia. A Burocrática Copa da Itália só uma lembrança, a vitória da Argentina contra a Itália, a torcida de Nápoles torcendo por Dieguito, coisa de arrepiar.

Romário e uma seleção montada para não levar gols, com futebol feio, defensivo trouxe a vitória, num jogo final HORROROSO, que os italianos foram piores, nos penais e o Dunga falando palavrão para mundo ao receber a taça, a má educação que lhe acompanhou em todos os momentos de sua vitoriosa carreira.

A Copa da França foi a superação da seleção de 1994, um time mais solto, com mais craques, que chegou à final como favorito, mas tomou uma sova da boa França que também não tinha feito nenhum grande jogo, quase foi eliminada pelo Paraguai, nas oitavas. A França fez um jogo espetacular contra o Brasil, depois dos problemas do Ronaldo no dia da final.

A Copa de 2002, Japão e Coréia do Sul, a copa da madrugada, foi a última vitória do Brasil e talvez a última ótima seleção, não apenas pela vitória, mas em algumas posições, uma seleção tão espetacular quanto a de 1982, com os 3 Rs brilhando intensamente: Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho. Ainda tinha Marcos, Cafu, Roberto Carlos e Gilberto Silva.

As Copas de 2006 e 2010, são para serem esquecidas, do começo ao fim, nível técnico tenebroso, tanto do Brasil quanto dos demais. A final de 2006 foi tão ruim ou pior do que a 1994, mais uma vez a Itália, a diferença é que venceu a França, com seus craques em fim de ciclo. 2010, a Espanha venceu, com um time razoável, contra as grandes seleções em mudança de gerações.

A Copa de 2014, no Brasil, depois de 64 anos, foi uma grande festa, mas num país que começava a desabar, mesmo com o sucesso da Copa, desde de junho de 2013, o país estava virando CARETA, ranzinza, homofóbico e misógino, vide a má educação frente à Dilma, uma falta de respeito imperdoável diante do mundo, o 7 x 1 foi pouco. A seleção não fez nenhum bom jogo, talvez pressionada pela situação do Brasil prenunciava a derrocada do país.

A Copa da Rússia, em 2018, o Brasil fez um papelão, foi mal arrumada, parecia dividida e sem nenhum tesão pela seleção, o que se refletia a própria sociedade brasileira, pós-golpe. Um assombro completo. O melhor time que se apresentava, a Inglaterra, tremeu diante de um time mediano, a Croácia e perdeu a chance de uma grande final, contra a ótima França, que atropelou a Croácia.

A situação do Brasil piorou sensivelmente, de 2014 para cá, o uso da camisa da CBF passou a ser sinônimo de reacionarismo, pessoas que são contra o marco civilizatória, a burrice vestida de verde e amarelo.

Confesso que não vi nenhum jogo eliminatório por inteiro, um tédio completo, nenhuma vez senti prazer em assistir um time comandado por Neymar, o craque maior, mas cuja personalidade é minúscula.

Uma seleção que amanhã será convocada que pode levar jogadores ultrapassados como Daniel Alves, Thiago Silva, ou bem meia bocas, como Fred. Mas Neymar é duro de engolir, é grande jogador, não se coloca em dúvida suas qualidades técnicas, o que não se tem certeza é sua capacidade de liderar e sua postura, dentro e fora do campo, o que não se reduz ao seu apoio ao governo genocida, por interesse econômicos mesquinhos.

Por fim, essa talvez seja a Copa que não terei prazer nenhum em assistir, muito menos torcer.

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