A Direita culpar o PT por tudo é mais do normal, faz parte do show e do jogo, o estranho é quando a Esquerda da Esquerda, embarca no mesmo bote de culpar o PT por tudo, inclusive por sua incapacidade de superá-lo, tanto do ponto de vista político quanto ideológico, mais ainda sobre a hegemonia na esquerda e nos movimentos sociais.
Nas famigeradas jornadas de junho de 2013, uma “aliança” entre a esquerda de verdade e a nova direita que emergia dos esgotos, dos portais e redes sociais, ainda que involuntária, cuidou de criminalizar o PT, e de reforçar um estigma contra o PT de que os problemas do Brasil se reduziam à má gestão petista, especialmente o governo Dilma, bastava “tirar a Dilma”, que o país teria escolas e hospitais “padrão FIFA”, não custa lembrar do movimento “Não vai ter Copa”.
Como a terra é redonda e gira, a roda da história segue e em breves anos, voltamos ao debate, em outro patamar.
Com a piora do cenário político e da economia, combinado com a ameaça de ruptura institucional feita pelo Governo Bolsonaro, aliás, este governo é o resultante direto dos tempos loucos, em que a extrema-direita se constituiu como força de rua e nas redes sociais, abriu-se uma possibilidade de reabilitação do PT depois de anos de ferozes ataques.
Parte da esquerda que foi extremamente crítica ao PT, percebeu a importância de se unir ao PT e a Lula, numa ampla frente de combate ao governo Bolsonaro.
Claro que a urgência dessa união passa por muitas dúvidas, volta-se ao debate sobre a capacidade do PT em ser Governo, uma nova onda de questionamento sobre a experiência dos 13 anos e 4 meses no Planalto Central, dois surrados discursos, tanto à Direita, quanto à Esquerda: A Culpa do PT e a grita por Autocrítica como necessidade sine qua non para apoio ou afastamento.
O PT é uma força política que, apesar de nova, se consolidou nacionalmente, com muitas lacunas, a própria definição ideológica do partido nunca foi precisa, nasceu no meio da explosão sindical de repúdio à ditadura, formado por uma esquerda não comunista tradicional, uma construção feita pela base e por intelectuais das classes médias urbanas. Sua força motriz era a radicalidade pequeno burguesa.
Com a queda do muro de Berlim, se realinhou mais ao centro, o que foi fundamental para se tornar governo, administrar o Estado Burguês, mesmo com todas as concessões e alianças, o PT jamais foi confiável ou alternativa burguesa, exatamente como acontece nesse momento histórico.
Uma parte minoritária da Esquerda da Esquerda (como diz Boaventura) continua a ladainha da Culpa é do PT, mais uma vez, que não crescem porque o PT não deixa, algo estranho, quase religiosa, a culpa, sempre a culpa, o pecado. Parece que não se dão conta de que suas posições políticas não encontram eco de massas, ou não foram capazes de se constituir como força social e política para superar o PT, aí voltam a cantilena:
A Culpa do PT!
Até quando?