1977: Justiça para Moïse e a Ressaca moral brasileira.

O Brasil fará justiça por Moïse?

Ainda sob forte emoção e ressaca moral com a morte/massacre do imigrante congolês, Moïse Mugenyi Kabagambe, de apenas 24 anos. Um jovem cheio de vida, energia, vindo ao Brasil para começar uma nova jornada, vivendo numa das cidades com maior população negra do país, e acontece uma tragédia, igual as tantas de seu país e o que fez vir para o Brasil.

A sensação é de derrota, impotência, de que é muito pouco o que fazemos na defesa dos Direitos Humanos, falta muito.

Toda a situação é sórdida, a começar pelo tempo entre a morte por espancamento brutal e sua divulgação, poderia ser “escondida” do público, da mídia, das pessoas, que continuaram a frequentar o tal o quiosque como se nada tivesse acontecido, ganharam dinheiro, riram, beberam e ali tinham matado um cidadão do mundo, como conseguiram esconder o crime?

Ao assistir o Jornal Nacional, é mais chocante, mesmo diante das imagens, a narrativa não deixava claro que houve um MASSACRE, um crime bárbaro, o tom “neutro” parece uma desavença, nenhuma relação com o Quiosque, ou com as condições de trabalho desumana, em que pagar ou não, é um mero detalhe. Naquele bar se demonstra na prática a “livre negociação” que a Globo, Bolsonaro, Temer e os ultraliberais defendem, ou seja, nenhuma proteção ao trabalhador, que vira um nada para o Capital.

O desvalor pela vida humana, em especial, por negros e negras, pelos periféricos, os sem direitos, os marginalizados e excluídos pelo sistema, os vulneráveis, pobres e miseráveis abandonadas pelo grande capital e pelo seus governos, em particular, os dos ultraliberais, aqueles que roubaram todos os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, deixando sem defesa justamente aqueles que mais precisam de proteção do Estado.

As imagens não saem da minha cabeça, as pancadas, a brutalidade, depois o vídeo de um dos brutamontes dizendo que não queria matar e não era por racismo, sem dizer quem o fez agir, e por que agiu de forma tão torpe, claro, dizer que não tinha intenção de matar e deu pauladas na cabeça, não o mataria? A cena é cruel demais dos quatro homens se revezando no massacre, a troco de quê? Exemplo para que outros não cobrem seus pagamentos? Aceitem uma espécie de escravidão e que recebam quando os patrões quiserem pagar?

São muitos ângulos, questões, racismos, precarização, impunidade, ausência de Estado e a barbárie que tomou conta do Brasil.

Ato no Rio de Janeiro, sábado 05.02, às 10 horas, em frente ao Quiosque, em São Paulo no MASP.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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