Arnobio Rocha Política Fortaleza dos anos 80, o Coletivo Gregório Bezerra.

1948: Fortaleza dos anos 80, o Coletivo Gregório Bezerra.


Coletivo Gregório Bezerra, pequeno grupo que fez história em Fortaleza dos anos de 1980.

Nos dias iniciais de cada ano, quase sempre abrimos janelas para uma certa nostalgia, lembrar de questões pretéritas, voltarmos para situações vividas, bem resolvidas, ou não. Num dos grupos de whatsapp, uma animada conversa sobre nossas aventuras e desaventuras políticas, encontros e desencontros, situações engraçadas (hoje) e perspectivas diferentes de uma mesma cena.

Escrever essas memórias, podem servir para rever conceitos, principalmente registrar e/ou reavivar fases fundamentais de nossas formações, e que se perdem quando não provocamos as visões diversas para que falemos sobre nossos sentimentos, e, principalmente, não colocamos em algum lugar para que alguém leia nossos causos, e momentos históricos importantes, ou não.

Há cerca de 8 ou 9 anos, num grupo de Facebook houve uma tentativa de juntar essas conversas, as impressões que carregamos daquela Fortaleza dos anos de 1980, uns mais velhos militaram no começos daquela década, mas a maioria veio da leva do fim da ditadura, após a queda do milicos, daquele famigerado congresso nacional que elegeu Tancredo/Sarney.

Entretanto, o sectarismo e o policiamento político, acabou não avançando, até mesmo o momento, das tais jornadas de junho, estava muito acirrado. Sinto que essa quadrada, é mais leve, apesar do fascismo que nos que espreita o Brasil. Voltemos às memórias.

O ressurgimento dos movimentos sociais em Fortaleza com a força que ganhou o movimento estudantil, secundarista e universitário, do ascenso do movimento sindical, a construção do PT e dos grupos não petistas, PC do B e do Coletivo Gregório Bezerra (CGB-PLP). A luta política e os debates quase sempre sectários, mas enriquecedores, a surpresa da vitória de Maria Luiza Fontenele nas eleições para prefeitura de Fortaleza.

Essa riqueza cultural e política foi transformadora para cidade, literalmente se respirava política, não apenas entre nós militantes, mas a repercussão na sociedade. A própria burguesia cearense, golpista e coronelista, se mexeu e criou sua nova casta na FIEC, com os herdeiros dos grandes grupos econômicos liderados por Tasso Jereissati, que se fundiu às velhas oligarquias de famílias como a dos Ferreiras Gomes, representados pelo herdeiro, Ciro Gomes, que largou a ARENA/PDS.

Essa polarização política mudou a face da cidade, que cresceu vertiginosa, tanto a população como a sua infraestrutura, saindo do provincianismo e se tornando uma das mais importantes metrópoles do Brasil, que, a exemplo das outras grandes cidades, carrega as mazelas do crescimento desenfreado, que destrói a natureza e a especulação imobiliária. As construções seletivas para novos ricos e orientada para classes médias urbanas que floresceram.

Reputo que aqueles movimentos sociais e políticos dos anos de 1980, forjaram uma nova Fortaleza e um novo estado, não que se tenha vencido a fome e a miséria, mas é incomparável ao que se viveu em décadas passadas. A luta de classes, os embates, fizeram a burguesia se mexer, os governos de coalizão de centro esquerda também foram resultados dessas lutas.

Fizemos parte de um momento importante, demos nossa contribuição, muitos de nós, daquela época galgou posições na política institucional, no judiciário. Figuras daquele pequeno CGB se tornaram nomes fortes no estado, deputados, prefeitos, vereadores, até o governador atual, o que não parece pouca coisa para um grupo pequeno e quase todos estudantes.

É esse o registro, João Emiliano, meu caro camarada.

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