“A vida humana não dura mais do que a contagem de um.” (Hamlet – W. Shakespeare)
A notícia (o post) de ontem caduca em minutos.
A realidade é efêmera.
Tudo que é escrito e/ou falado, seu tempo de “vida” é cada vez menor. A dinâmica das manchetes de jornais, chamadas de rádios ou de televisão, tinham uma duração mais longa, um dia, dois, essa regra foi quebrada pela internet.
As Redes Sociais, todas elas, têm como fundamento o conceito de linha do tempo (“time line” – TL) e esta é extremamente fluída, milésimos de segundos, ela já sumiu, para “voltar” só através de pesquisa, o que quase ninguém quer fazer, pois a linha do tempo é continua e vem novas mensagens, mais interessantes ou não, ela segue e segue, incansavelmente.
Esse modo contínuo da TL é desgastante, estressante e na maioria das vezes, angustiante, por fim, produz uma imensa frustração.
Por exemplo, uma boa publicação que se construiu com zelo e tempo, se perde (dissolve-se) de forma tão imediata e cruel, que paralisa quem a cria. Todo o uso de criatividade, alguma inteligência, gênio e arte, se dissipam no ar como ao vento os nossos anélitos.(WS).
Simples assim.
Ninguém consegue dá vazão às exigências das TLs, vorazes por mais e mais publicações, por novidades descartáveis imediatamente. Alguns, como eu, fazia textos e insistia numa tola tentativa de construir um diálogo, sem perceber que é uma gota de água, no oceano, é bem inglório, produzir ao vento da tempestade, jogar uma palavra ao infinito e além.
Até mesmo aquelas lives espetaculares, impactantes, com artistas fenomenais, intelectuais brilhantes, não duram e/ou não repercutem mais do que um dia, quase ninguém verá mais de uma vez aquele momento “mágico”, aquelas entrevistas “lacradoras”.
Essa realidade furiosa e deletéria se dá tantos com os pequenos blogs autorais, como nos grandes portais sofisticados, todos são nivelados, quase não lidos, raramente compreendidos ou apenas lidos apressadamente, pois há sempre mais e mais materiais, como escolher nesse cardápio maluco e fast food?
Obviamente que algumas figuras estreladas e midiáticas, sem juízo de valor sobre qualidade do que escrevem, falam, cantam, publicam, são melhor “consumidos” (remuneradas, inclusive), não obstante, têm o mesmo destino; o descarte, segundos depois de digeridos, é muito destruidor.
A sensação é de que se vive numa série infindável da Netflix, um Friends, Lost, qualquer coisa assim. Como assimilar algo positivo? Aliás, o que seria algo positivo nesse mundo volátil?
Sem dúvida que tudo isso se reflete na vida “real”, nas relações pessoais, humanas, a volatilidade das redes sociais, criam uma virtualidade de sentimentos e emoções idênticas, negando a humanidade e do que somos feitos.
Por enquanto é isso, voltaremos ao tema, ou não.